14 de agosto de 2003

TAÍ, PORTANTO

TAÍ, PORTANTO

Esse é o título de uma possível coluna sobre esportes. Notem: sempre dizem “Taí, portanto”, nas transmissões esportivas. Assim como esta expressão recorrente, há também duas manifestações sagradas. Uma é a pergunta “como é que é” e a outra a resposta “com certeza”.
- Como é que é essa coisa de ganhar medalha? Como é que é que você se sente? Como é que é estar aqui e não lá?
- Com certeza, mas com certeza mesmo eu tenho certeza que temos certeza.

É uma síndrome, uma espécie de doença coletiva que toma conta da nação apalermada.
Parece que o universo corre perigo e pode cair, descambar, perder seu prumo a qualquer momento se todos não disserem a cada segundo “com certeza”. Se é dito, então, o universo fica momentaneamente salvo. Mas dali a pouco...

Nunca houve tanto idiota falando tanto ao mesmo tempo. Como sou o rei do zap, passo em revista a quantidade de abobrinhas que são ditas em todos os canais, enquanto pessoas que realmente tem o que dizer jamais aparecem na televisão. O que existe na frente das câmeras, principalmente, são os comentadores oficiais, que tomam conta de todo o espaço e não deixam os fatos e as pessoas que importam aparecerem. A TV não convoca a inteligência.

Vocês, por exemplo, já viram uma vez sequer nos últimos anos, uma imagem atualizada do maior compositor do Brasil, Edu Lobo? Ele aparece em algum lugar cantando, falando sobre seu maravilhoso trabalho, tocando? Não, o que oferecem é esse tal de Daniel todo o santo dia. Vocês já viram o maior crítico do Brasil, Roberto Scharwz, autor de obras-primas como “Um Mestre na periferia do capitalismo”, falar em algum canal, mesmo alternativo? São só dois exemplos. Enquanto isso, sobram imbecilidades.

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