20 de dezembro de 2003

MOTO NO FIM DA INTERNET



Neste capítulo, onde reproduzo mais mensagens do Editor, descobrimos os verdadeiros motivos de Trolé estar dentro do gafanhoto mutante Pimple. Tudo graças aos repórteres policiais que, de início, não quiseram colaborar, mas colocaram suas antenas a funcionar e ajudaram a descobrir uma aventura completamente ensandecida, nas estradas virtuais da rede infinita (infinita?)

LINKS – “Ok, disse Gim Tones batendo o copo, vamos imaginar que tua história seja verdadeira. O que não me impressiona é esse motoqueiro ser colocado dentro do bucho do superblog, sem nenhum motivo aparente. Que prova é essa que Mr. Toth disse que está fazendo? Para que serve um pobre coitado lá dentro da invenção miserável dele?
O repórter fazia as perguntas certas. Dei de ombros. Realmente eu não sabia. Tinha fugido apavorado da cobertura antes de saber da explicação. O mistério despertou a gana dos dois jornalistas.
- Vamos até lá, disse Gim a Adelino, que prontamente já estava na porta, fazendo um gesto de pindura para o dono do bar, que olhou feio.
Gim depois me contou a história que ouviu de Mr. Toth, graças à sua ousadia de chegar no pedaço sem nada a temer, como sempre foi seu estilo:
- O cientista me disse que o entregador de pizza é o exemplo mais bem acabado da Lógica Elementar num mundo em transformação e movimento. Ele está sempre se arriscando, dia e noite, e precisa seguir um encadeamento perfeito para não decepcionar os fregueses. Os primeiros a pedir são os primeiros a serem atendidos. O timing é fundamental. Há um momento de começar a entregar a mercadoria, e outra de fechar o expediente, tudo isso feito em duas rodas. Não pode haver outra criatura que precise saber tanto de lógica para poder driblar carros, acertar endereços, ser simpático, ver o troco direitinho, entre outras modalidades. Por isso o pesquisador resolveu colocá-lo lá, para poder calibrar sua invenção. Pimple era gigantesco demais e estava perdido. Mas Mr. Toth não contava com o pânico do motoqueiro. Fez a operação de maneira muito rápida, pois contou com a ajuda de Radoc, o Inominável. (não seria o Abominável? copidescou Gim, atento ao fato de que o codinome queria dizer aquele que não pode ser nomeado, o que era uma contradição difícil de ser engolida por qualquer editor). Além disso, Trolé conseguiu se comunicar lá dentro, o que não estava previsto. Agora ele conseguiu imobilizá-lo, mas precisa que Trolé se movimente, pois senão a experiência vai fracassar.
- Ele lhe contou tudo isso?
- Mr. Toth é louco para aparecer. Ainda mais na Verdade Sangrenta. Ele lê aquele jornal todos os dias.
De repente, o ,meu celular tocou. Era Daniduc transmitindo providências:
- Mr. Toth conseguiu colocar a moto lá dentro, disse o especialista. Vai fazer com que Trolé monte sem capacete para desenvolver algumas experiências - de cabeça descoberta, o pobre rapaz fica ainda mais à mercê daquele louco. Nossa idéia é tomar o comando e levá-lo para um lugar seguro. Lá, abriremos uma porta para ele sair.
- E que lugar seguro é esse? perguntei, suando frio.
- O Fim da Internet, disse Daniduc, e ficou esperando minha reação.
- Como assim, a Internet é não é infinita?
- Não, e Mr. Toth sabe disso. Ele quer colocar não apenas os blogs, mas os sites e portais dentro do gafanhoto e transformar tudo num chip do tamanho da cabeça de um alfinete. Assim, ele poderá dominar a rede, que entende por invenção do Mal, da Liberdade Absoluta e da falta de Lógica.
- Então ele me mentiu! Disse que só queria devorar blogs!
Daniduc riu da minha ingenuidade.
- Ele mente o tempo todo. Bem, vamos arriscar, já que os Provedores estão aqui no nosso pé. Só conseguimos neutralizá-los porque prometemos repassar um milhão de endereços para eles enviarem spams.
- E eles acreditaram nisso? Insisti.
Daniduc riu. O três especialistas, então, cada um conectado numa máquina, me colocaram on-line pelo ICQ descrevendo o que estava ocorrendo naquela delicada operação de guerra. Transcrevo a síntese das mensagens:
- Guiamos agora Trolé pela estrada virtual do Google, que é a mesma usada por Mr. Toth. Nessa avenida, milhares de cidades-sites se aglomeram em grandes portais, tudo rodeado de blogs favelas. Para conseguir o controle total da moto, abrimos uma estrada vicinal, que é montanhosa e rude, parece uma trilha. Mas Trolé está acostumado e consegue agüentar bem a viagem. O problema é chegar agora ao fim da Internet. Vamos ver. Escolhemos um dos sites com esse nome, que diz não ter link para lugar nenhum, então não há como voltar. Mr. Toth é muito lógico para agüentar essa barra e vai ficar perdido e deixar por alguns minutos de nos perseguir com aquelas caratonhas terríveis que criou para assustar os moradores do prédio sinistro. Essas máscaras tem poder e estão atrapalhando as manobras. Agora sim. Trolé está num beco sem saída. Aparentemente...Vai Trolé! Dá uma ré, porra. Não contavam com a ré. Ré total! Faça um cavalo de pau, vamos abrir uma porta para você sair! Vamos Trolé, firmeza, usa tudo o que tu sabe. Não conseguimos daqui ter plenos poderes para te tirar daí. Boa Trolé, é essa mesma, a porta do Cybershark.net. Vai, cara, anda.
- Iahuuuu, gritaram os três especialistas no meio da Sala de Máquinas e Ferramentas. E seguiu-se silêncio mortal. Mr. Speed veio ver o que se passava,. Descobriu tudo e expulsou-os de lá, ordenando que se desfizessem todas as ações desencadeadas pelo trio.
Mas era tarde demais. Como um pássaro, um avião, um foguete, Trolé irrompeu pela porta do Cybershark foi cair de cara num grupo de ambulantes da 25 de Março. Foi um estrago danado.”

RETORNO – Uau! Essa foi forte. O que será que Trolé, agora livre, vai fazer? Vai ver a namorada? Enfrentar Mr. Toth? Mais informações no próximo capítulo.

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