14 de janeiro de 2004

O DESABAFO DA HORA



Corre na Internet um texto sobre a decadência do Brasil e a vontade de resgatar o que perdemos. O texto é de autor desconhecido, segundo quem me enviou a mensagem, meu irmão Elo Ortiz. Repasso na íntegra o que recebi.

MATINÊS - "Fui criado com princípios morais comuns. Quando criança, ladrões tinham a
aparência de ladrões e nossa única preocupação em relação à segurança era a
de que os "lanterninhas" dos cinemas nos expulsassem devido às batidas com
os pés no chão quando uma determinada música era tocada no início dos
filmes, nas matinês de domingo.

Mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades presumidas,
dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos,e/ou mais velhos,
mais afeto. Inimaginável responder deseducadamente a policiais, mestres, aos mais
idosos, autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais e mães
de todas as crianças da rua, do bairro, da cidade. Tínhamos medo apenas do
escuro, de sapos, de filmes de terror.

Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo que perdemos. Por tudo que meus
filhos um dia temerão. Pelo medo no olhar de crianças, jovens,velhos e
adultos. Matar os pais, os avós, violentar crianças, seqüestrar, roubar,
enganar, passar a perna, tudo virou banalidades de notícias policiais,
esquecidas após o primeiro intervalo comercial.

Agentes de trânsito multando infratores são exploradores, funcionários de
indústrias de multas. Policiais em blitz são abuso de autoridade.
Regalias em presídios são matéria votada em reuniões.
Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos
honestos.

Não levar vantagem é ser otário. Pagar dívidas em dia é bancar o bobo,
anistia para os caloteiros de plantão. Ladrões de terno e gravata,
assassinos com cara de anjo, pedófilos de cabelos brancos. O que aconteceu
conosco?

Professores surrados em salas de aula,comerciantes ameaçados por
traficantes, grades em nossas portas e janelas.
Crianças morrendo de fome, gente com fome de morte. Que valores são esses?
Carros que valem mais que abraço, filhos querendo-os como brindes por
passar de ano. Celulares nas mochilas dos que recém largaram as fraldas.
TV,DVD, telefone, vídeo-game, o que vai querer em troca desse abraço, meu
filho?

DIGNIDADE - Mais vale um Armani do que um diploma. Mais vale um telão do que um papo. Mais vale um baseado do que um sorvete. Mais vale dois vinténs do que um
gosto. Que lares são esses? Bom dia, boa noite, até mais. Jovens ausentes,
pais ausentes, droga presente e o presente uma droga. O que é aquilo?

Uma árvore, uma galinha, uma estrela.
Quando foi que tudo sumiu ou virou ridículo?
Quando foi que esqueci o nome do meu vizinho?
Quando foi que olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, calçado sem
sentir medo?
Quando foi que fechei a janela do meu carro?
Quando foi que me fechei?
Quero de volta a minha dignidade, a minha paz.
Quero de volta a lei e a ordem, a liberdade com segurança.
Quero tirar as grades da minha janela para tocar as flores.
Quero sentar na calçada e ter a porta aberta nas noites de verão.
Quero a honestidade como motivo de orgulho.
Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olho no olho.
Quero a vergonha, a solidariedade e a certeza do futuro.
Quero a esperança, a alegria.
Teto para todos, comida na mesa, saúde a mil.
Não quero listas de animais em extinção.
Não quero clone de gente, quero cópia das letras de música, cultura e
ciência.
Eu quero voltar a ser feliz!
Quero dizer basta a esta inversão de valores e ideais.
Quero mandar calar a boca de quem diz "a nível de", "enquanto pessoa",
"visa resgatar".
Quero xingar quem joga lixo na rua, quem fura a fila, quem rouba, quem
ultrapassa a faixa, quem não usa cinto, quem não dignifica meu/seu voto.
Quero rir de quem acha que precisa de silicone, lipoaspiração,dieta,
cirurgia plástica, carro zero, laptop, bolsa XYZ, calça ZYX para se sentir
inserido no contexto ou ser "normal".

O SER PERDIDO - Abaixo o "TER", viva o "SER"!
E viva o retorno da verdadeira vida, simples como uma gota de chuva, limpa
como um céu de abril, leve como a brisa da manhã! E definitivamente comum,
como eu.
ADORO O MEU MUNDO SIMPLES e COMUM.
Vamos voltar a ser "gente"? Ter o amor, a solidariedade, a fraternidade
como base.
A indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito...
Discordar do absurdo. Construir sempre um mundo
melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas.
Utopia? Não... se você e eu fizermos nossa parte e contaminarmos mais
pessoas, e essas pessoas contaminarem mais pessoas... hein?!

Quem sabe?...

Por um mundo mais humano !!!"

(Texto de autoria de Sara Maria Binatti dos Anjos)

RETORNO - Reproduzo aqui a mensagem que identifica a autoria do texto: "O texto tem o título original "Reflexões" e é de autoria de Sara Maria Binatti dos Anjos. Este texto é devidamente registrado na Biblioteca Nacional através do EDA (Escritório de Direitos Autorais) de Porto Alegre. Solicitamos citar o título e a autoria . Obrigado. Dr. Antonio Carlos Carvalhal

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