22 de fevereiro de 2004

A VEZ DO TRABALHISMO

Agora que todos se convenceram do que se trata o atual governo, é hora de resgatar o mais moderno conceito político do Brasil, aquele que garantiu para os trabalhadores seus direitos mínimos, sucateados pela atual fase do regime autoritário, que encontrou naquela pseudo esquerda dos 60 – tipo José Dirceu – a salvação da própria lavoura. É hora de apagar os preconceitos e apostar firme no trabalhismo, que é uma criação brasileira, apesar das acusações dos oportunistas que conseguiram “provar” o contrário.

O VOTO CERTO – Não existiam trabalhadores no Brasil antes de 1930 (quando uma dissidência política, com amplo apoio popular, fez a revolução), existiam escravos. Toda a família era jogada nos porões das fábricas mais de 10 horas por dia, sem direito a nada. Essa situação de miséria e exploração voltou, graças ao sucateamento das conquistas trabalhistas. O regime de 64, que ainda está em vigor, usou a direita de punhos de renda – o PT – para consolidar-se, ou seja, aniquilar as pretensões ao poder dos trabalhistas. Conseguiu dividir o movimento, entregando a sigla histórica, o PTB, para os traidores, e deixando à deriva a mais importante liderança trabalhista, Leonel Brizola – que na sua época de governador, colocou os mais importantes bicheiros na cadeia. Uma das acusações do PT era o abraço entre o getulismo e o jogo do bicho, mas sabemos agora quem está envolvido com quem. Quando José Vicente, o filho do governador, foi cooptado pelo PT para cuidar desse buraco negro que é a loteria (no seu caso, o Rio Grande do Sul), imediatamente Brizola, o pai, fez a denúncia. Brizola foi também o primeiro a saltar fora da coligação que levou o PT ao poder, quando viu para onde se dirigia o traidor Lula. Quando o trabalhismo perdeu as eleições no Rio Grande do Sul em 1962, graças à campanha das “mãos limpas” do candidato Francisco Ferrari (o que redundou no golpe de 64, apoiado pela direita gaúcha no poder estadual, junto com a direita de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro), minha mãe costumava dizer: “Não estão se dando conta que isso é jogada para derrotar o trabalhismo. Votem no PTB”, insistia, em vão. Dona Rosinha era funcionária pública do Centro de Saúde e tinha contato direto com a parte mais pobre do povo. Por muitos anos, foi uma espécie de para-médica, ou seja, aplicava injeções e vacinas e dava noções de higiene na periferia. Era a chamada Visitadora Pública, uma invenção do governo getulista. Depois de sucessivos golpes, o governo se retirou desse serviço, abrindo um claro para ser aproveitado pelas ONGs, que sugam dinheiro público subsidiado para suas ações paliativas. Saúde e educação são obras de governos. Governos trabalhistas, em sua maioria.

PRECONCEITOS – Por favor, não me venham com a história de que Brizola é isto e aquilo. O golpe de 64 foi feito pelos governadores de direita – Meneghetti, Ademar, Lacerda (toc, toc, toc) e Magalhães Pinto. Eles queriam a presidência (o tiro saiu pela culatra, pois foram espirrados pelos militares) e só havia um candidato para ganhar nas eleições presidenciais marcadas para 965: exatamente Brizola, que estatizou multinacionais da área telefônica (as mesmas que hoje cobram para a gente receber ligações do celular), enfrentou uma ameaça de golpe de estado (em 1961, depois que aquele idiota do Jânio renunciou) e por isso foi o deputado federal mais votado do país em 1962. Eles tinham medo do voto crescente do trabalhismo, por isso deram o golpe, pois sabiam que iam perder. Pois os comunistas acham que o golpe foi contra eles. Não foi. O partidão jamais teve importância no Brasil. Quem dava as cartas era o trabalhismo getulista. Também não me venham com a história do caudilhismo getulista. Getúlio foi presidente eleito duas vezes, uma em 1933, pela Assembléia Constituinte, e outra em 1950, na mais completa lavada de votos do país, quando o povo sabia em quem votar. O Estado Novo foi um golpe militar nacionalista, desencadeado pelo erro dos comunistas e integralistas, que tentaram tomar o poder à força. Em 1945, quando Getulio foi derrubado por outro golpe militar, o Brasil tinha zerado a dívida externa. Hoje estamos vendidos aos gringos até o pescoço.
É simples. É cristalino. É óbvio. Apostem no trabalhismo.
Como vêem, estou em campanha.

Um comentário:

  1. Sérgio Cavalcanti2:04 PM

    Oi, Nei! Cheguei nesse post por uma pesquisa do Google sobre a função de Visitadora Pública, exercida pela minha avó, por volta da década de 1940 -- até ela se casar e passar a ser dona de casa. Há pouquíssimos registros online sobre essa função que seria a precursora do agente comunitário de saúde (ACS), tão importante na política de atenção básica hoje em dia. Obrigado por isso!

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