9 de junho de 2004

SECANTE NO PENSAMENTO


O amigo Anderson Petroceli me escreve comentando Universo Baldio. Anderson, fotógrafo maior do pampa, é mesmo personagem: é citado numa das cartas escritas pelo meu irmão Elo e que estão no romance. Para quem leu o livro, secante é aquela jogada de mestre (dos calaveras) em que a bulita (dizem em outras plagas bolinha de gude, brrrr)expulsa para longe a adversária ficando exatamente no lugar dela. É jogada a palo seco.

PASSAGEIRO - Transcrevo quase toda a carta, para compartilhar o entusiasmo do amigo: " Nei: Mas tu é muito calavera para escrever. Acredite ou não tu me deu um secante no pensamento!! Fui personagem do começo ao fim, me chapei e fui passageiro nas viagens, ri muito sozinho, tive a melhor e mais poetica descrição de um palheiro em toda minha vida. Parabéns o livro é demais!!! Só não vou reler agora porque já emprestei a um amigo. Há muito tempo tempo não me sentia assim com a literatura, comecei ler as 20 horas e eram 5 da madruga e lá estava eu, honório e o desespero de pressentir o livro acabar, esse romance tinha que ter umas 700 páginas no mínimo e talvez nem assim saciaria minha vontade de ler tuas histórias. Estava te devendo esse e-mail, mas como eu sempre digo antes tarde do que mais tarde ainda. Depois que teu livro chegou eu acabei dando prioridade para + ou - uns 15 livros que já estavam esperando na fila (vida universitária), mas foi bom esperar, teve sua hora certa, limpou meus pensamentos, estou próximo novamente, até me atrevo fazer uma promessa, vou procurar no museu fotos da época, lugares por onde o Luis passou, ruas, bebedouro etc... Aqui na fronteira ja começa fazer aquele friozito que tu bem conhece, adoro o inverno, pena que sempre no começo ele me descadera, não é fácil subir lenha para o apartamento, mas tudo bem eu me recupero na beira do fogo... Nei mano veio, valeu, mas valeu mesmo!!! Um forte abraço, Anderson Petroceli."

ÂMBAR - Leio finalmente o clássico romance de Mino Carta, Castelo de Âmbar, sobre o qual escreverei um post exclusivo nos próximos dias. Livro obrigatório sob todos os aspectos, não só pela maestria da sua estrutura, composição e linguagem, mas também por suas revelações. Podemos entender, lendo este livro, por que a imprensa brasileira é o que é hoje, quais as raízes da tragédia. Mas não é só isso. É literatura de primeiro time, quando a criação atinge seu nível mais alto. Mas vou guardar palavras para quando terminar a leitura. Por enquanto, chovo no molhado: é imprescindível. Minha leitura tardia ( o livro já tem alguns anos) é um crime do qual me recupero rapidamente.

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