5 de agosto de 2004

CAMPANHA DE ASSINATURAS

Os jornais estão em crise, mas não o Diário da Fonte. O que temos são acidentes de percurso. Uma placa-mãe que queima, uma internet discada que cai, uma nova rotina que impõe novos hábitos e assim por diante. Como este jornal virtual vai completar, daqui a pouco, 300 edições, e já tem gente reclamando que o gol do Alex ficou tempo demais no ar (duas laudas sobre um único lance e zero comentários), decidi lançar uma campanha de assinaturas. Prepare-se.

ELEGÃNCIA - Quem contribuir para a manutenção do jornal (que tem custos, obviamente) em troca de boa leitura, já estará inscrito para receber meu futuro livro de ensaios, que estou preparando, que é uma antologia do que está no site e neste blog, junto com outros textos. Imagino que dez reais por semestre estaria de bom tamanho,. Como sou otimista e vejo o número crescente de leitores, que aqui se refugiam expulsos da mesmice do jornalismo pátrio, acredito que esse é um valor mínimo e básico viável. Não tira pedaço de ninguém e ajuda e fazer algumas manutenções fundamentais. Basta enviar um e-mail para nei@consciencia.org dizendo que quer colaborar que eu direi o número da conta. Não vou tornar pública minha conta aqui no DF porque não considero isso elegante. Isto posto, vamos ao que interessa. Vamos obedecer a pauta do Mestre Moacir Japiassu, que comentou na sua coluna a disposição do vice José de Alencar em mudar a letra do Hino Nacional. É preciso entender que a letra do Hino é o nosso poema fundador. É uma letra que funciona como fonte de idéias sobre o Brasil. Contra o que se insurge o vice? Contra o verso deitado eternamente em berço esplêndido. Ele quer trocar para desperto e vigilante em solo esplêndido.

SOBERANIA - Argumento que o vice não entendeu o hino. "Deitado eternamente em berço esplêndido" quer dizer um país consolidado em sua soberania, não um país preguiçoso. O verso capenga do vice, "desperto e vigilante em solo esplêndido", além de tosco, é uma impossibilidade, pois se o solo é esplêndido, qual o motivo de ficar insone (desperto e vigilante, coisa de guarda-noturno)? O hino é o país que queremos. O país se deita na sua glória soberana. O vice é mais um desses politicamente corretos, que tem preconceito contra o povo ou o país (que acham preguiçosos) e para compensar vivem tentando defendê-loS. Era só o que faltava, copidescar o poema que nos deu imagens belíssimas como ?ao som do mar e à luz do céu profundo?, ou ?verás que um filho teu não foge à luta?, entre outras preciosidades. Nosso Hino tem uma história incrível. A melodia já existia desde o tempo do Império. Quando veio a República, quiseram mudar tudo, já que o regime mudara. Tentaram de tudo. Até que um dia, num evento em que estava o Marechal Deodoro, a bandinha tascou o laranja da china. Foi uma comoção pública. Então resolveram manter a música de Francisco Manuel da Silva e fazer uma licitação para a letra. Osório Duque Estrada fez o nosso Lusíadas, um poema épico fundador de uma nova nação. As dificuldades do Hino são a sua salvação. Todo conhecimento, observam os filósofos, implica em estranhamento. A letra avessa à facilidade obriga o cidadão a articular a língua culta em todas as suas entonações e consonâncias. O significado de cada verso é um desafio para a análise. Prefiro mil vezes o nosso Hino do que os de muitos países, que oferecem letras sanguinárias como mataremos todos os inimigos com nossas lanças e as patas dos nossos cavalos ou coisa que valha, imagens que sobram nessas canções bárbaras.

FRANÇA - Simpatizei com a Marselhesa até que a França fez aquele papelão na copa de 98, quando ganhou o caneco em casa depois de um episódio muito mal explicado. E tripudiaram em cima da seleção de ouro com aquele bobalhão do Platini à frente, fazendo gestos canalhas para a sua troupe enquanto, humildemente, recebíamos a medalha de prata. Mas nos vingamos em 2002, quando a França, que nunca foi de futebol, foi chutada para fora da Copa. Aquele hino, naquela copa, me deu engulhos. Muito bonito e tudo, mas já foi um dia expressão de cidadania e liberdade. Em 2002, perdeu a credibilidade.

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