22 de maio de 2005

O RODÍZIO DOS CHACAIS




O governo do PT está sendo justiçado pela oposição de ultra-direita, que tem a cara de pau de posar de virtuosa, depois de ter entregue o país com tudo o que tem dentro (território, economia e população). Os espíritos livres ficam numa sinuca de bico: opor-se à inconseqüência, irresponsabilidade e incompetência do governo é uma ação que tende a se anular quando essas coisas como FHC e Alckmin tornam-se os vestais da moralidade pública (sr. Alckmin: se o Tietê e o Pinheiros continuam fedendo, a culpa é do governo estadual; desça do palanque e vá limpar a casa). Diante dos chacais que fazem rodízio para alternar-se no poder, enquanto ficamos à mercê de um sistema indestrutível, precisamos dobrar nossa virulência. Não devemos temer as acusações de que estamos servindo este ou aquele lado. Precisamos nos manter firmes na posição de denunciar a ditadura de 41 anos, o esquema de pirataria de entrega da soberania e tudo o que está ligado a ela, especialmente a corrupção. Ver pessoas que ocupam cargos públicos acertar propinas e justificar-se dizendo que ninguém vai mudar o mundo nos mostra o caminho: vamos, sim, mudar o mundo. É para isso que estamos aqui. Não viemos para esta vida a passeio.

GOLPISMO - Uma CPI é um recurso de arbitragem, que possui, em tese, agilidade para solucionar rapidamente algo que não poderia ficar circunscrito ao judiciário e à polícia. É a constatação de que é preciso encontrar também uma solução política, no bom sentido. Isso em tese. O que vemos é que uma CPI serve para barganhas e patranhas e para a exposição na mídia dos responsáveis por ela. Nesse sentido, o José Dirceu, a quem sempre ataquei aqui, tem razão ao denunciar o espírito golpista da CPI dos Correios, já que procura adiantar a campanha eleitoral para a presidência da república. Uma CPI dos Correios pode levar ao impeachment e à posse de José de Alencar, acho que é a isso que Dirceu se refere. É um grande imbróglio. Outro articulista que sempre combato, o Arnaldo Jabor (que costuma ser dúbio em sua pena) também tem razão ao denunciar o imobilismo na questão agrária, em que tudo se faz para que o desmatamento continue e os latifundiários se expandam selva adentro. O problema não é apenas o arrazoado correto ou incorreto, mas a ação a se seguir. A população sem poder não tem alternativas, a não ser não desistir da política, pois não existe gesto apolítico. O desencanto, natural, não pode levar à posse da ultra-direita, que está assanhada para repartir de novo o butim. No fundo, aquele movimento das Diretas Já, em que estavam no mesmo palanque o Lula e o FHC, serviu para isso: para manter a ditadura e angariar o butim. Para isso o povo foi às ruas, convocado em primeira instância pelo Leonel Brizola, que foi traído ao longo do processo.

IURD - Tudo o que Brizola denunciou e pregou (foi o primeiro a saltar fora do apoio ao governo Lula) torna-se cada vez mais urgente: a necessidade imperiosa de uma educação publica de qualidade, de um país com soberania, de um trabalhismo autêntico. Estamos vendo como denunciam a banda podre do trabalhismo, o PTB (o PDT é a banda imóvel), que estaria servindo aos esquemas suspeitos nesse caso dos Correios denunciado pela Veja, que tem sua redação situada no bairro de Pinheiros, São Paulo. Em outro bairro, na Lapa de Baixo, Domingo Alzugaray comprou briga feia com a Igreja Universal do Reino de Deus. Na TV, vemos uma biografia nada lisonjeira do Domingão, em retaliação à denúncia que de que a IURD estaria envolvida em emissão ilegal de dinheiro (recolhido com isenção de impostos, em sua maior parte, graças à credulidade popular) . É preciso luta contra o sistemão e não apenas por meio do voto, que está viciado, nicado pelos grossos interesses. É preciso lutar no varejo e não apenas no atacado. Quando te impõe um som alto de música execrável, quando te abordam de manhã para você, pecador, ler a Bíblia, quando tentam explorar tua mais valia a troco de nada, quando te deixam pelado diante da bandidagem, quando usam a mídia para fazer o rodízio dos chacais, é preciso dizer não. Uma postura política responsável deve ser gerada pelo espírito livre, engajado no que estiver ao alcance. Impossível? Quando todos se mexem, algo acontece.

VILÕES - Um sujeito com cara facinorosa tenta me impingir, na porta da minha casa, uma leitura da religião dele. Ué, não gosta da Bíblia? me pergunta, me jogando na cara meu repúdio a esse tipo de disseminação da fé infantil de que nos fala Bento XVI. Não me julgue, retruco, e o sujeito tira e põe seus óculos escuros baratos para me encarar, com seu rosto indecente, seu jeitão de abordador profissional de casas inermes. Não é possível que sejamos assacados em todos em cantos pela publicidade mentirosa de produtos, ideologias e serviços. Millor Fernandes acerta na mosca ao dizer, em antologia de frases publicado no La Insígnia, que o vilão dos filmes de violência que colocam no vídeo todos os dias são os donos de TV. No La Insignia de hoje há também primoroso texto de Urariano Mota sobre Goethe. Vale a pena ler.

RETORNO - O site está tomando jeito. Quase 500 acessos únicos ontem, quando consegui postar muitos textos que estavam espalhados. Visite, registre-se, assine o livro de visitas. O poeta agradece.

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