3 de janeiro de 2006

CERCA DE PEDRA




Nei Duclós
(sobre foto de Anderson Petroceli)


A cerca de pedra cruza o pampa
Séculos de poderes a céu aberto
Arquitetura que sobrevive sentinela
Grita alguma coisa no relento

Ninguém decifra esse rasgo puro
Essa aspereza xucra pré-concreto
Serpente de estrias insepultas
Cruzamento de vidas que se ferram

Cavalgo até ela com perguntas
Vejo a cicatriz que não tem cura
Criatura crua filha do deserto

Nenhum poncho serve de cobertura
Ninguém ousa tocar tanta ferida
Passamos ao largo do que machuca

RETORNO - 1. O feixe de poemas escritos especialmente sobre fotos do Anderson um dia sai em livro exclusivo. Por enquanto, estão incluídos no capítulo Terra do "Partimos de Manhã", que acredito lançar neste 2006. 2. No texto "As previsões dos astros para 2006", publicado no La Insignia, Urariano Mota acaba me lembrando o velho ditado gaúcho: "Saracura quando canta no alto do mourão, é sinal de chuva, vento ou tempo bom".

Nenhum comentário:

Postar um comentário