8 de janeiro de 2006

O ATOLEIRO DO HAITI





Quando a mídia da ditadura fazia materinhas humanas sobre a emoção do embarque das tropas brasileiras para o Haiti, o Diário da Fonte previa o atoleiro em que estávamos nos metendo, o que já era confirmado pelos analistas sérios e repórteres de primeira. Se existe jornalismo hoje é porque temos no front pessoas como Osmar Freitas Jr., com quem tive a oportunidade de trabalhar na Folha Ilustrada e há décadas mora nos Estados Unidos. Osmar foi quem me indicou para o Wagner Carelli, o que me permitiu ir para a IstoÉ de Mino Carta no final dos anos 70. Além de brilhante repórter internacional, Osmar é um dos maiores escritores do Brasil.

MASSACRE - Na IstoÉ, ele nos deu, semanas atrás, uma luz sobre o embrulho brasileiro no país vizinho a Cuba: "Encarregada de promover a paz, a Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah) virou alvo de denúncias. Um grupo de organizações não-governamentais americanas acusou as tropas da Minustah de ter participado de massacres no Haiti à Organização dos Estados Americanos (OEA). Na denúncia, pedem a condenação do Brasil, que comanda as tropas, e dos Estados Unidos, que financiam parte da operação, pela morte de 63 pessoas e o desaparecimento de outras 14 ? todos civis". Pois bem. Ontem, o general Urano Bacellar, nascido em Bagé, apareceu morto com um tiro. No seu lugar entrará um general chileno acusado de colaborar com Pinochet. Dizem que o general Urano, homem formado para a guerra, estava tenso e se suicidou. Se a moda pega, o suicidionato vai tomar conta do Brasil.

PROTESTOS - O envolvimento do Brasil no Haiti é mais um ato de irresponsabilidade do governo Lula (que ontem nos brindou com o modelito deste verão: sunga e pança). De costas para as Forças Armadas, Lula torturou a classe militar com um aumento salarial pífio (enquanto a grana rolava pelas malas e cuecas), dado aos poucos, o que gerou uma onda de protestos por parte das esposas dos oficiais. Sobram denúncias de que o aparato militar brasileiro está sucatado. Para que Forças Armadas se não dispomos de soberania? Quando a ditadura livrou-se dos militares, deixando-as à própria sorte, humilhando-as com um ministério da Defesa civil (uma invenção da ditadura da República Velha), fez a pior coisa do mundo: erradicou do imaginário brasileiro sadio a participação militar na História do Brasil. Os militares ficaram com a fama da ditadura, quando é evidente que esta foi obra da elite civil, do coronelato dos sertões e dos manda-chuva do sistema financeiro. Usada para implantar o regime de 64, que vigora até hoje, a farda recolheu-se. Homens de palavra, os militares nunca mais fizeram qualquer intervenção na política. A vocação legalista, a identificação com a República, a participação efetiva na formação e desenvolvimento do Brasil, fazem das Forças Armadas brasileiras uma instituição poderosa de união nacional e não deve ser usada para servir aos interesses megalômanos de Lula, que quer participar do Conselho de Segurança da ONU sem ter cacife para isso. Precisamos dos militares unidos com a nação, que é o povo. O golpismo americano no Haiti é problema deles.

ESCÂNDALO - No último Globo Repórter, o tema era os brasileiros que viraram estrangeiros no Exterior. Um deles, jogador de basquete de São Carlos, ganha milhões sendo americano. Nosso astronauta teve formação sólida na Força Aérea, mas foi usado pela Nasa. O escândalo é não termos um programa espacial de ponta, e o que tínhamos em Alcântara foi misteriosamente explodido. Somos os melhores, mas não aqui. Para provar isso, temos que emigrar, mudar de perfil e até, às vezes, de nacionalidade. Bebês da favela vão ser gente na Europa, mas sofrem discriminação. Há um festival de assassinatos de brasileiros no Exterior. Desta vez foi na Austrália. Estudante brasileiro negou cigarro para uma turba, que o massacrou no Ano Novo. Até quando a nação ofendida suportará o assassinato em massa dos seus filhos? Mas não podemos reclamar, senão seremos acusados de patrioteiros.

RETORNO - A cena bíblica de Lázaro e Cristo é de Fulvio Pennacchi. Na sua coluna no Comunique-se, mestrer Moacir Japiassu escandalizou-se com uma repórter que ao entrevistar o ator Lázaro Ramos, surpreendeu-se com a originalidade do nome e perguntou de onde os pais tiraram essa preciosidade. Em Portugal, só pode nome que está na Bíblia, por isso sobra Manoel e Joaquim. Aqui, é terra de Rosicleides, Jordinelso, Joiltons e do impronunciável Danrlei. Nome próprio dos cidadãos faz parte da soberania. Deixar que a ignorância ágrafa destrua essa nomenclatura é sinal evidente do atoleiro em que estamos metidos.

EXTRA: ATUALIZAÇÕES DO SITE CONSCIENCIA

O criador e responsável pelo mais importante site de filosofia em língua portuguesa, Miguel Lobato Duclós, brinda seus mais de quatro mil leitores diários com um pacote impressionante de atualizações: novos textos e colaboradores, uma oficina de traduções, uma nova versão para o forum, entre outras. É a seguinte a mensagem que ele está difundindo:

"Esse é o sumário das atualizações do site de filosofia
http://www.consciencia.org/

1. Reformulação do Fórum de Discussões - O Fórum de Discussões do site existe desde o ano 2000, conta com mais de 900 membros e cerca de 8000 mensagens. O desenvolvimento do software que usávamos estava estagnado desde 2002, de forma que optei por mudá-lo. Do Discus fomos para o SimpleMachines (SMF). Por isso, agora o fórum conta com bem mais opções e recursos que incrementam a experiência online do usuário e facilitam o dinamismo dos debates.

Conseguimos converter as mensagens e a mesma estrutura de tópicos. Os mesmos usuários e senhas foram mantidos. Porém, alguns detalhes se perderam, como a página configurável do perfil de usuário e o link para o perfil em algumas mensagens. Os URLs do antigo fórum de discussões também foram substituídos e em breve não poderão mais serem acessados. O acesso ao Fórum deve sempre ser feito a partir do endereço http://www.consciencia.org/forum/
Qualquer dúvida quanto a sua conta ou a nova interface pode ser postado no próprio forum ou encaminhada para forum@consciencia.org

2. Inauguramos uma Oficina Amadora de Traduções Coletivas de textos de filosofia, usando o software mediawiki, o mesmo da famosa Wikipedia, a enciclopédia on-line. Isso significa que propomos criar um ambiente de estudos virtuais onde se pode treinar e aprender tradução, interagir com outros estudantes, postar textos sob demanda. Sabemos que a filosofia tem forte ligação com a palavra escrita, e não pode descuidar do seu objeto, exigindo consideração e cuidado em cada trecho da leitura de um autor clássico. Por isso se encoraja na faculdade a leitura das edições originais. Portanto, pode-se aqui exercitar os diversos níveis de leitura que o estudante de filosofia tem em outros idiomas e também treinar a tradução, por hobby ou para casos mais sérios, como um exame de proficiência. A proposta é simples: posta-se um texto de filosofia em outra língua e a comunidade começa a traduzi-lo.

No ambiente da mediawiki, qualquer um pode editar as páginas existentes e criar novas páginas, de forma imediata, sem a intermediação da moderação. Nesse mesmo ambiente propomos também começarmos a desenvolver um dicionário coletivo de filosofia. As páginas criadas ficam licenciadas sob Gnu Public Documentation License. As traduções que forem consideradas estáveis serão publicadas na seção Biblioteca do site Principal. Mais detalhes de como participar desse projeto podem ser acessados em http://www.consciencia.org/wiki/

3. Na seção de Textos Introdutórios do site, acrescentamos dois textos, elaborados por Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, professor de filosofia no seminário de Mariana (MG).
Paralelo entre Platão e Aristóteles:
http://www.consciencia.org/antiga/plataoaristotelesvidigal.shtml
E Quadro comparativo entre Epicuro e Zenão:
http://www.consciencia.org/antiga/epicurozenaovidigal.shtml

4. Foi acrescentado também um capítulo do livro de Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho sobre o Barroco mineiro, intitulado Filosofia e comunicação da Arte barroca

"O objetivo deste capítulo é enfocar o Barroco Mineiro numa tentativa de abordagem de sua mensagem sob ângulo ainda não visualizado pela crítica. A partir de uma realidade que existe, sob o prisma da filosofia da história, uma interpretação dentro da filosofia da arte." http://www.consciencia.org/moderna/barrocovidigal.shtml

5. Adicionamos uma tradução para o inglês feita pelo próprio autor, Felipe Luiz Gomes, do artigo Apropriação da subjetividade da classe trabalhadora: burocracia e autogestão, já publicado em nosso site. Felipe é professor assistente de Sociologia na UNESP:
http://www.consciencia.org/contemporanea/trabalhofelipe2.shtml

6. Um Trabalho Acadêmico de Marlene Santosi foi adicionado no corpo do site: Sobre a dimensão ética na formação do educador. Marlene é mestranda em Educação na USP e desenvolveu esse trabalho para uma das disciplinas cursadas: http://www.consciencia.org/contemporanea/eticasantosi.shtml

7. Está funcionando em todos os textos do site principal um sistema que permite ao visitante adicionar comentários, críticas e elogios.

8. O erro de DNS que atravessou o ano de 2005 e nos levou a criar o alias em
http://consciencia.cybershark.net foi resolvido. Se você desistiu de visitar o site por conta daquela infame tela de login e senha que aparecia no endereço não oficial, convido agora a voltar, uma vez que conseguimos o problema.

9. Por fim, reitero o convite para os interessados participarem da comunidade do site no portal orkut.com em http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=5673279
Da mesma maneira, convido todos a continuarem colaborando com o site. É possível enviar seus links de filosofia no diretório de links, ou avaliar os links já existentes. É possível enviar fotos para incrementar o Banco de Imagens, que é uma de nossas seções mais visitadas. É possível também ? e necessário - ajudar a manter e ampliar esse trabalho com doações de qualquer quantia em nossa conta bancária:
Banco do Brasil
ag. 3559-9 cc. 167541-1
Saiba mais em http://www.consciencia.org/colaboracoes.shtml

Obrigado
Miguel Lobato Duclós"

Nenhum comentário:

Postar um comentário