28 de fevereiro de 2006

O PAÍS EM RUÍNAS





Estou falando do Haiti, o país que usa corpos humanos para fazer barricadas de fogo ou deixa seus cadáveres na rua para o proveito dos porcos. O único país que perdeu em crescimento econômico para o Brasil em 2005. Impressionante a reportagem na Zero Hora de domingo, de autoria de Priscila Oliveira e Rodrigo Lopes, que descreve esses horrores e o sofrimento de alguns soldados brasileiros depois de terem servido no Haiti. Paranóia, delírio, depressão: os espíritos chegam em ruínas. A saúde mental foi trocada por um punhado de dólares, por obra deste governo que decide descansar numa praia da Marinha. Descansar de quê, meu Deus? De tanto gastar em marketing , como dizem as notícias sobre os recordes de inserção publicitária sustentada a peso de ouro, pelo suado esforço e trabalho do povo que o elegeu? Em decorrência dessa gastança, as pesquisas explodem em otimismo, enquanto o país travado fica à mercê do monopólio global, o que tudo provê: emoção, informação, carnaval, comunidade, tudo.

SAIA - Filas de mulheres levantam a saia e pedem para Mick Jaegger fazer um filho nelas. É o desespero total do país abandonado e entregue à sanha pirata. No concerto internacional das nações, o Brasil entra com a mulher. Uma coitada sobe no palco para beijar o Bono Vox e vira celebridade. Será este o destino do país continente, o que um dia foi soberano, o de servir de desfrute para as celebridades internacionais? E por que uma onda avassaladora de rock em pleno carnaval? Porque tem gente que não gosta de samba então o monopólio precisa ficar com toda a audiência, a população inteira na sua mão. E também não é bom arriscar: a música brasileira não é de confiança e pode trair as leis da ditadura e novamente virar-se contra ela. O importante é manter o samba eternamente pedindo passagem (não agüento mais esse refrão), e fazer da juventude gato e sapato, entupindo-a de porcarias. Ensino de música no primário (ou fundamental, vá lá), nunca mais. Você lembra a clave de sol? Nós desenhávamos esse símbolo em cadernos especiais, com linhas para que pudéssemos reproduzir as escalas e notas. Quando ligávamos o rádio, tudo se completava: todas as nações compareciam nas estações, não apenas a idiotia americana. Numa tarde dessas escutei, saindo de uma novela, o Al di lá, a clássica canção romântica italiana. Eles tiram a música de qualidade da programação e a vendem caro nas novelas. É o que fazem com a bossa em Belíssima.

RUMO - O Brasil perdeu o rumo e Marcos Sena, jogador brasileiro que jurou a bandeira espanhola (agora é moda) vai defender a seleção deles. Faz sentido. Não somos mais nada. Ligo a TV bem cedo e vejo umas tristes figuras fantasiadas de 14 Bis, o mais pesado do que ar que pela primeira vez decolou nas fuças de todo mundo. É triste ver que a invenção de um brasileiro virou alegoria enquanto os espertos gringos, que catapultaram umas madeiras, escondidos de todo mundo, tiveram a manha de registrar o feito como se fosse deles. Santos Dumont tinha outro projeto: a liberdade de cada um de ir e vir, de construir ou comprar seu próprio aparelho. Os irmãos wrong fizeram da invenção uma arma. Mas você não gosta de carnaval? Gosto. Não gosto é do que fizeram com ele. Soube uma vez que o Braguinha tinha 200 músicas na gaveta. O que fizeram? Não deram vez ao gênio, deixaram o cara com as suas clássicas composições e impediram que sua criação continuasse fluindo para o público. Depois de travarem Braguinha fizeram um concurso de marchinhas, verdadeiras porcarias que falavam em viagra e outras baixarias. É assim que eles são. Criminosos. Ninguém reclama porque eles são perigosos.

CONFRONTO - Você não concorda com o que fazem com o Brasil? Confronte os poderes. Eles estão acostumados ao nosso silêncio. Não tenha medo de ser chamado de patrioteiro, direitista, retrógrado. Cuide para não bater no peito em patriotadas. Apenas reivindique o direito de viver num país soberano. Um que não baixe as calças para o inimigo nem levante a saia para ganhar a vida.

RETORNO - Foto dos garotos excluídos na cidade milionária, de Marcelo Min.

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