13 de maio de 2006

NÃO ENTENDI, CLAUDIO LEMBO





O governador paulista Cláudio Lembo acusou os criminosos que atacaram a polícia do seu estado de "traidores". Ouvi essas sua declaração no noticiário da TV (acho que na Record, que está com um jornal muito bom). Quer dizer que eram aliados? Que existia um acordo? Só existe traição se houver um pacto. Não quero pensar o pior, mas os atentados extrapolam o que Carlos Nascimento disse no SBT, de que o crime organizado está disputando espaço com o poder público. Quando o Procurador Geral da Justiça detecta uma quadrilha no mensalão, quando dezenas de parlamentares estão envolvidos no escândalo das ambulâncias, quando o assassinato do prefeito Celso Daniel não é suficientemente esclarecido, quando há suspeitas de contas no Exterior de grandalhões em evidência, temo que haja algo maior: os dois lados se misturam, apesar das pessoas honestas que existem neles. Estamos entregues aos ratos. E devemos rezar para que os 26 mortos da polícia em São Paulo em 24 horas não sejam vítimas de algo ainda mais podre, que possa envolver a campanha presidencial. Tudo pode acontecer, quando está em jogo o gordo butim que é o Tesouro Nacional, enquanto o presidente se abraça de novo com o sr. Imorales, depois que este tungou o Brasil e ainda achincalhou o país fazendo as mais torpes acusações. Tudo nos leva de volta à direita, que esfrega as mãos de contente.

TUNGA - Converso no fumódromo do edifício onde trabalho com simpático bombeiro aposentado e ele me diz o seguinte: as lojas hoje são financeiras, os móveis e as roupas estão ali apenas de fachada. O que querem é cobrar juros da população, que fica dependurada no cartão. Ele me alertou que alguém que tem crédito de mil reais para torrar e só usa o mínimo, cinqüenta, acaba pagando o juro do total e não apenas do que tirou. Será verdade? Tudo pode acontecer quando estamos entregue à ditadura, que, pelo tranco que vai, acabará mudando novamente de mãos. Pois não é possível se instaurar uma democracia quando a paz pública é ameaçada por todos os cantos. Parece ser de propósito: provocar pânico no eleitorado, que tende a se refugiar em qualquer um que acene com um pouco de sossego. Não vai adiantar tanta propaganda oficial. Agora o governo celebra a venda de remédios a granel, e gasta uma nota preta para divulgar isso. Defina a coisa e cale a boca. As pessoas vão acabar sabendo, apenas indo na farmácia. Não precisa anunciar e posar de gestor dinâmico. O que precisamos é de garantia de que o celular não será usado na prisão. O governo paulista diz que isso sempre haverá, pois há inúmeras formas de se burlar o bloqueio. Ou seja, são incapazes de qualquer coisa. Estão de mãos atadas, esses sujeitos sem espírito público, explicitamente incompetentes, que nos dizem o tempo todo: vocês estão por conta, virem-se.

ANDRAJOS - Temos inflação em dólar e os salários diminuem de volume a cada ano que passa. A classe média acabou. O que dá para comprar com merreca? Nada, já que a bufunfa está toda na mão de quem detém o caminho para o desvio. Nunca chegamos ao capitalismo weberiano, aquele que em tese teria uma ética, nem ao fordiano, que produz para os operários poder comprar. Estamos em plena antropofagia global e as populações migram para servir de escravos em países ricos, que assim amealham mais fortunas, que acabam sendo investidas de volta aos países pobres, para arrancar daqui os recursos suados da população via política econômica muderna. Por que voltei a falar dessas coisas? Quando tudo parecia calmo, o Diário da Fonte abriu o berro. Hoje está tudo nos jornais. Decidi dar um tempo nessa linguagem em andrajos que representa a situação política econômica no país. Mas volto sempre ao tema, já que é mais desesperador ainda se calar.

ARCA - Mais do bombeiro aposentado: Estamos numa arca, diz ele, à deriva. Mas a arca ainda tinha um comandante, Noé, que era um cara responsável. Nem Noé temos. É assim que se sente a população. Ambiente propício para os falsos salvadores da pátria. Até quando, Brasil?

RETORNO - Nesta edição, foto magnífica de Regina Agrella: a realidade se decompõe diante de nós.

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