8 de julho de 2006

SINISTRUS JOE E O FIM DE BELÍSSIMA




Como está fazendo calor neste inverno, resolvi dar uma passada na casa de Sinistrus Joe, que mora ao lado de um grande menir numa praia isolada aqui na ilha. Vi que ele estava tranqüilo, espichado na sua varanda feita de areia, olhando para algum ponto entre o mar e a montanha. Perguntei o motivo de sua aparente paz, e ele respondeu que era o clima. E que inverno mesmo, desses de lareira e vinho, fazia mal para a saúde e que o bom era um veranico temporão. Eu queria saber o que tinha feito nos últimos dias.

- Vi o final de Belíssima, me disse. Vi no aparelho do bar ali da vila.
- Não sabia que você via novela.
- Não vejo, mas todo mundo acaba vendo. Bem na hora em que você espicha os ossos é que eles colocam aquelas coisas horrendas. Então não tem como escapar.
- Você achou o final surpreendente?
- Achei. Acabamos descobrindo que todos, no fundo, eram primo-irmão do pai do Coisa. Isso é realmente revelador.
- E os casais? Achou que ficou de bom tamanho?
- Claro. O mais emocionante foi o Tony Ramos ficar com o Cemil. A dança imitando Zorba o grego foi de chorar. Eu quase tive um ataque de apoplexia. Em determinado momento fiquei estarrecido. É que a gente acaba cedendo à novela porque não há outra coisa na TV aberta, e a novela é a coisa em si. Vemos então as imagens assim meio de viés. Levei um susto, pois num determinado momento o Tony Ramos estava sorrindo para um cara que podia ser seu pai, mas na trama é seu filho, e os dois dançavam de maneira apaixonada. No momento seguinte a Verta Holtz estava na cama com um anjinho barroco. Num primeiro instante, achei que o Cemil e Tony estavam já na cama. Foi de dar calafrios.

- Você está sendo injusto, Joe. O Silvio Abreu faz o maior sucesso.
- O que encanta é a profundidade dos diálogos. O grego Tony, que se expressa por interjeições e gritos de caminhoneiro, estava aboiando um avião quando viu sua amada, a coitada da Gloria Pires, que estava pagando o maior mico com aquela seqüência. Aí o Grego pergunta: "Você não foi embora, ê?" Claro que ela deveria responder: "Fui, o que vês aqui é um holograma, cedido pela produção do Star Wars".

Achei que Joe estava amargo demais e tentei desviar o assunto para outros desdobramentos da novela. Perguntei sobre as demais atrizes, se estavam também pagando mico.
- A Claudia Abreu é realmente excepcional, mas , coitada, vive mergulhada nestas porcarias da televisão. Deveria ser nossa estrela do cinema, se tivéssimos produção regular de cinema.
- E a Claudia Arraia?
- Não sei porque ela precisa fazer o papel de gostosa em todos os segundos da novela. Vive estuando o peito e se fresqueando para a câmara. O que me irrita em algumas personalidades globais é que eles acreditam mesmo que são de Hollywood. Não vê aquele gordinho diretor, que tem a certeza de ser a Marilyn Monroe? Ele não apareceu esses tempos, de novo no Faustão imitando Marilyn em diamantes são para sempre? O problema é que a Arraia acha que está sempre fazendo um teste para o George Cukor.

- Você não gosta mesmo da Globo, Joe.
- Que nos resta? Os concorrentes são piores. Estamos presos, assim como os que trabalham lá dentro. É impressionante a jaula em que nos metemos. Gostaria que TV digital fosse para valer e eu pudesse ter uma estação de TV aqui mesmo da minha pedra.
- Teria novela na TV Joe, Joe?
- Deus que me livre. Eu transmitiria o mar. Mas um mar sem grego.
E abriu os braços em sinal de celebração e reverência.

RETORNO - Bebeto Alves dá um show em Niterói, com a participação da filha, Mel Lisboa. É de arrepiar. Não perca.

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