3 de julho de 2007

ESSE COLOSSO DE PRATA


Depois do argentinossaurus, o maior dinossauro de todos os tempos, descobriram o argentavis magnificens, a maior ave voadora que já existiu. Do tamanho de um pequeno avião, possuía sete metros de largo nas suas asas. Pelo tamanho, era capaz de engolir um fusca. Tudo é gigantesco na Argentina pré-histórica. Faz sentido. O país vizinho tem a vocação do gigantesco que de verdade não possui. Já que não podem, como os americanos, se adonarem de fato do planeta, empalmam o mundo com o próprio superego.

Dá gosto vê-los no início das competições internacionais, como na atual Copa América. Eles chegam arrasando, dando goleada e celebrando o fato de serem os incontestes pelotudos maiorais. Se não fosse Riquelme, seria Redondo, ou aquele outro mais redondo, El Pibe. Sempre tem um fantasmagórico cracaço a fazer sombra de Andes às choupanas de palha do Brasil. Pois nada se compara a um argentino, esse colosso. Por isso é tão patético vê-los de braços cruzados quando celebramos, nas fuças deles, nossos sucessivos títulos.

As vitórias brasileiras não passam de um crime de apropriação indébita do que de fato pertence aos argentinos. Essa certeza se renova a cada manhã. Os argentinos possuem o chamado travesseiro digital, que zera tudo com o passar da meia noite. É uma abóbora temporal: deu as doze badaladas no micro e tudo some por enquanto. Ressurge, soberana, a Argentina dos plenos poderes. Daí vem sua eterna impaciência com os brasileiros. Estes, encarnados de natural grandeza, reluzentes do ouro de suas minas e glórias, trespassam de tristeza argêntea o gramado fosco da vizinhança. Os brasileiros não têm pressa. Nós temos Robinho.

DE NIRO - Vi O Bom Pastor, filme produzido por Francis Ford Coppola, que bolou o projeto e acabou fazendo parte da produção, e dirigido de maneira soberba pelo Robert de Niro. Como notou Luiz Carlos Merten, um filme sobre o esmagamento do indivíduo diante da instituição. De Niro é péssimo quando se acha um grande ator, como em Cabo do Medo ou Touro Indomável. É razoável quando concentra seu trabalho no necessário minimalismo do ofício, como em O Poderoso Chefão. Fez excelente estréia como diretor nos anos 80 e neste O Bom Pastor está muito acima da média. O filme é poderoso. A CIA como fruto da paranóia, do elitismo, do racismo, da escalada da guerra, do imperialismo.


RETORNO - Imagem de hoje: "Na minha rua", obra de Paulo Gil.

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