19 de setembro de 2008

ALTERNATIVAS AO GAUCHISMO


Nei Duclós

Neste vinte de setembro, quando se comemora mais um aniversário da Revolução Farroupilha e o povo gaúcho vai às ruas para celebrar uma identidade baseada em valores, princípios e feitos históricos, e não em raça ou religião, teremos que pensar em alternativas para esse movimento cultural vitorioso, que se espalhou pelo Brasil como um parâmetro, como baliza, como marco de pedra no deserto de soberania. Sim, alternativas, pois o tradicionalismo está sob cerrada oposição, sendo desmascarado, atacado, denunciado de todas as formas, já que, segundo essa onda que se avoluma, tudo não passa de uma patifaria barata de estancieiros escravistas que mantiveram a peonada na soga e inventaram toda essa enganação só para continuarem a pão-de-ló.

É preciso arrancar esse pendão dos ares, dizer que não houve herói nenhum, era tudo pau mandado, que a coragem não existiu, que a luta pelo território nacional foi só um detalhe sem importância, que o Rio Grande do Sul é mais, muito mais do que isso, que é preciso atentar para a diversidade, a alteridade, a complementaridade, a alternatividade e outras ades afins. Por isso vou elencar aqui algumas opções para que a gauchada pare de uma vez de se fresquear com essas pilchas, boleadeiras, acordeons e tudo o mais. Vamos às opções.

CAIPIRISMO CHIC – Soube que a dupla Zezé di Amargar e Cagando fez o maior sucesso em Porto Alegre. Cobraram os tubos e saía gente pelo ladrão para ver os dois rebolentos caipiras chics guincharem no palco. Essa é uma boa alternativa ao gauchismo. No lugar de termos grandes artistas que começaram humildemente no nativismo e que hoje são autores de primeira grandeza, que transcenderam suas raízes porque nelas tiveram apoio quando nasceram, e alcançaram altos níveis de criação, que são lições para as novas gerações de músicos, compositores e cantores, teríamos, como existe em São Paulo uma plêiade de gritadores mirins a se esgoelarem pela amada . O bom é que assim os gaúchos poderão usar aquele chapéu texano, fivelonas viadas nos cintos, calças apertadinhas na bunda e outros quiprocós. Seria o fino.

NOJO-DI-EU ACADÊMICO COOL - Em vez de guascas largados, sinceros, expansivos, solares, em vez de brio, de fidelidade, de grandeza, teríamos milhares e milhares de rostos mofinos em postura meio oblíqua, a mijar versinhos Paulo-leminskianos cheios de trocadalhos do carilho, com boquinha de nojo-di-eu, a citar Gramsci. Todos morariam em Nova York ou Londres e viriam ao Rio Grande do Sul só para fazer palestras pagas regiamente pelo governo para desancar o Getúlio Vargas. Isso dá um dinheiro!

GUEVARISMO CHAVISTA NUESTRO – Como todo mundo sabe, o portunhol é o brasileiro que tenta falar espanhol, para gargalhada geral da Cucaracholândia. O traje para essa tendência, que substituiria de vez o gauchismo, seria o poncho e conga eliminadora de fronteiras, para que todos os hermanos possam passar a mão na bunda das chicas sem que ninguém reclame e todos considerem o máximo de integração latino-americana. Multiplicaríamos os royalties para Itaipu, deixaríamos que Chávez tomasse conta do Acre, que o Chile fizesse do Pantanal uma estância de recreio, e que a gringalhada pegasse de vez a Amazônia, pois sem gaúcho armado todo mundo acha que pode invadir o Brasil.

YOUTUBISMO MILITANTE - Eliminando o gauchismo, a programação de todas as rádios só difundiriam o grelo militante das madonas pops, as televisões só diriam a cada segundo “aí, galera”, os jornais só programariam a banda londrina de última geração que exige mil toalhas de linho nos camarins só para limpar o ranho gerado pelo fog inglês. E até mesmo o mais oprimido peão teria vez de dizer “com certeza” no you tube. As paradas cívicas seriam eliminadas, por obsoletas, e teríamos apenas as grandes surubas da diversidade, quando meia dúzia de energúmenos celebram o fato de exibir publicamente o fiofó.

Assim todos ficariam satisfeitos, não é mesmo? À parte isso, viva o 20 de setembro! Viva Bento Gonçalves! Viva O General Netto! E me passa o mate antes que eu te dê mais uns cascudos.

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