18 de janeiro de 2009

HÁBITOS BIZARROS


Uma pessoa parece que comeu ostra estragada num cruzeiro e acabou morrendo. Está nos jornais. Comer ostra é um dos hábitos bizarros e incompreensíveis. Vamos ver porquê.

COMER OSTRA - Você pega um molusco pegajoso e melequento, esquenta o dito, abre a casca onde ele escondeu todo seu glégous, bota um limãozinho em cima e sorve como faz o chinês com a sopa e o macarrão. É uma nojeira sem fim. Acham cool. È como comer caramujo africano. Mata mesmo.

ASSISTIR O BBB – A pessoa fica em frente a televisão vendo um bando de cagões se roçando, aspergindo aquela gargalhadinha imbecil que ensinam desde criança. Qual seria o motivo de submeter-se a semelhante tortura?

IR A SHOW AO AR LIVRE – Não basta ter saúde e juventude para gastar a carcaça e lotar o ouvido de ruídos. É preciso gostar de cheirar sovaco, levantar os braços e sacudi-los ritmadamente e dar gritinhos de uhuu cada vez que um imbecil aproxima o microfone na boca para grunhir.

BEBER SOZINHO DE DIA - Vejo a toda hora: o cara, solitário, com uma garrafa de mijo podre (confundido com cerveja) na frente, olhando para ninguém, sem ninguém ao lado ou na frente para conversar. Isso antes de cair a noite. É preciso estômago, fígado e vocação para a desesperada solidão urbana.

COMPRAR LEITE LONGA VIDA – Parece que a desculpa é a praticidade: o troço não estraga nunca e pode ficar na despensa por uma década. Depois é só cortar a embalagem e glub glub glub, beber o líquido branco com cheiro de naftalina. Muita gente gosta e sai com carrinhos cheios da josta.

FINGIR INTIMIDADE - Ninguém se conhece, mas todo mundo faz festa uns para os outros, como se fossem velhos camaradas. Se estapeiam ruidosamente e falam ao mesmo tempo perguntas e respostas dentro do padrão do convívio forçado. Depois do espalhafato, ficam falando mal de quem acabaram de encontrar.

TOCAR DURANTE A CONVERSA – É um desdobramento do ítem anterior. Deveria haver condenação sumária e fuzilamento para quem pega outra pessoa no braço na hora de conversar. Simula uma proximidade inexistente, além de atrapalhar o diálogo.

CONSUMIR DESTILADOS – Vodka, uísque, conhaque: é tudo falsificado, não existe bebida destilada séria no Brasil. Cheiro de álcool tingido de anilina, mercúrio e chumbo engarrafados, tudo conspira contra os bebuns dessas merdas. Cachaça nem se fala. Principalmente se for dessas super-industrializadas ou mesmo aquelas do Norte. Só a Boazinha, de Minas, presta. Se é que não falsificaram.

SABER LETRAS DE CÓR - Fico impressionando com as pré-adolescentes aos prantos em frente aos camarins desses analfabetos musicais que despejam barbaridades nos ouvidos da moçada. As gurias então entoam os cantos mais atrozes, as letras mais estúpidas, as desafinações mais profundas, as burrices mais explícitas, fazendo aquela cara de gozo artificial. É só prestar atenção e lá vem a bomba: “Porquêêêê, você faz assim comigoooo, que dá essa loucura, óóóó, sei, que você é isso e aquiloooo” Cantam como se entoassem salmos.”

ACREDITAR EM PASTOR - O sujeito é um animal falante, diz as maiores babaquices, tem a voz esganiçada dos loucos, cita a Bíblia sem nunca ter lido ou entendido nada e com isso atrai multidões emocionadas. Alguma coisa está errada. O que houve com os dois pilares do Tempo, a Razão e a Fé? O que existe é delírio suado.

SE ENGARRAFAR NO SHOPPING – As pessoas são capazes de ficar seis horas para conseguir uma vaga no shopping. Lá dentro, mascam chicletes e olham com nojo as vitrines. Depois voltam, mais seis horas até em casa. Caso clínico.

IR AO CINEMA - Sentar no corredor, aturar os comedores de lanche, os conversadores compulsivos, os bandidos em potencial, a cabeçorra atrapalhando a visão, o ar condicionado em temperaturas criogênicas. E pagar os tubos por isso. Só para doido.

RETORNO - Imagem de hoje: ostra. Bá.

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