16 de fevereiro de 2009

NO REINO DA MENTIRA

O castelo do deputado é um favelão, como mostrou o Fantástico. Elevador não funciona, cozinha foi transformada em depósito, a adega está mofada e abandonada etc. O castelo é, claro, mentira. Não passa de uma porcaria de origem suspeita e que é tolerado pela mídia há mais de dez anos e celebrado como uma coisa interessante e exótica, quando está na cara, é evidente, que representa alguma espécie de crime, pois como pode alguém jogar dinheiro pelo ralo num mastodonte sem sentido? Para posar de novo rico? Para tripudiar em cima de quem vota por obrigação?

A mesma coisa na Suíça. Enquanto Paula Oliveira continua internada e sangrando, segundo seu pai, toda retaliada com as iniciais do partido nazista de lá, a polícia, a imprensa e o governo deles destratam todos os brasileiros para defender a idéia de paraíso deles. O sociólogo suíço Jean Ziegler, autor de “A Suíça lava mais branco”, e que denunciou a lavagem de dinheiro do narcotráfico e, fato mais antigo ainda, do roubo dos judeus no Holocausto, é que tem a ficha completa dos meliantes. A versão da polícia suíça, de que a advogada Paulo tenha se mutilado, é, obviamente, mentira.

O pseudointelectual Luiz Werneck Vianna, que se acha comunista, realimentou a calúnia sobre Vargas, dizendo textualmente no Estadão (o tradicional porta-voz da direita) que Lula é um novo Vargas e pode eleger Dilma, assim como Getúlio elegeu o Dutra. A versão de que Lula, esse paspalho bobalhão e entreguista, deva ser comparado ao fundador do Brasil Soberano, porque ambos seriam “populistas”, é, claro, mentira. O populismo foi inventado pela direita, com Jânio Quadros, para enfrentar a imagem que a própria direita fazia de Vargas: elegeram um demagogo que colocou o Brasil no buraco, de onde não saiu até hoje.

A pergunta é: de onde vem tanta força para a mentira? Como pode uma versão absurda como a da polícia suíça amedrontar os jornalistas brasileiros, fazer todo mundo cagar miudinho, como se fôssemos culpados de existir? Como poderia uma pessoa jovem, com dinheiro, bem resolvida, se entregar a uma autopunição bárbara, atacar inclusive suas partes íntimas, como revelou o pai, só porque é louca, mesmo sem ter dado nenhum sinal disso antes? Impressionante como todo mundo deu para trás, achando que o ataque neonazista era teoria da conspiração. Essa história está nos fazendo muito mal.

Eu acredito em Paula e no pai dela. Paula não está mentindo. Quem está mentindo são os suíços. Não são os suíços que estão internados, com o corpo jovem e bonito mutilado, sangrando sem parar. Não são eles que tem tatuados na pele as iniciais do partido nazista. Não são eles que sofreram qualquer tipo de violência. Foi Paula, brasileira, mulher, que estava esperando gêmeos. O brutal é que todas as evidências poderão sumir e a vítima corre o risco de responder inquérito por inventar sua versão. É de lascar.

Tudo isso acontece porque o Brasil destruiu a si mesmo, se suicidou em 1964, optou pelo fim da soberania, caluniou o grande presidente, colocou toda sorte de energúmenos no poder, de medíocres de todo naipe, numa sucessão de nulidades nunca vista. Foi transformado numa fábrica de monstros e criminosos, que tomaram conta da imagem pública do país, que é sempre visto como um conjunto de estúpidos, quando as pessoas honestas ficam à sombra, escondidas, indignadas e silenciosas. Assim, quando um brasileiro estiver com algum problema no exterior será sempre culpado, pois é isso que 1964 formatou entre nós e para o resto do mundo.

Esta época a partir de 64 será lembrada no futuro como a Grande Idade das Trevas no Brasil. Época em que os talentos foram desperdiçados, os estadistas assassinados, as crianças violentadas, as famílias desconstruídas, a cultura pisoteada. Época em que a violência, a miséria e a mentira cresceram sem parar. Quando se falou como nunca em democracia, quando homens públicos construíam castelos, quando cidadãs brasileiras eram destratadas no Exterior, quando arrogantes ágrafos pontificavam todos os dias com o dedinho levatado. Época de sombras.

Mas nossa resistência prepara a volta do Brasil soberano. Ele virá, tão certo quanto o sol que ilumina o tempo e elimina as dúvidas cevadas pela noite aparentemente interminável.

RETORNO - Imagem desta edição: Oswaldo Aranha discursa diante do túmulo de Getúlio Vargas, ao lado do futuro brasileiro deposto, João Goulart.


BATE-O-BUMBO

OSORIO NA ACADEMIA

O escritor e jornalista José Antônio Severo, autor do livro General Osorio e seu tempo (Editora Expressão, 848 pgs., R$ 80,00), foi convidado para integrar a Academia de História Militar Terrestre do Brasil e Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul, que tem como presidente o historiador Cláudio Moreira Bento, correspondente no Brasil da Academia Portuguesa de História.

Bento reproduz o release da obra e sua apresentação, onde destaca "esta consideração muito procedente do apresentador Nei Duclós, com a qual a historiografia e historiadores militares brasileiros se defrontam, tornando-se este assunto progressivamente um deserto de especialistas em História Militar Brasileira crítica, ou seja, aquela que contribui para a formulação de uma doutrina militar brasileira genuína: Nossa história militar, apesar de grandes e importantes trabalhos (muitos deles jogados num canto das estantes) amarga o preconceito, fruto do desconhecimento e muitas vezes da má-fé. O esquecimento, que merece ser rompido por uma questão não só de justiça, mas de sobrevivência. Parabéns a Nei Duclós por esta conclusão brilhante, da qual nossos dirigentes ainda não se deram conta".

O OUTUBRO DA MAESTRINA

A maestrina Gilia Gerling faz emocionado depoimento em seu blog sobre minha poesia. Ela tinha postado Carta ao Amigo. Nos comentários, eu disse que esse poema está fazendo agora em 2009, quarenta anos. Ela então escreveu o seguinte:

"Eu soube hoje, pelo próprio autor Nei Duclós, que o poema que postei no sábado está fazendo 40 anos! Fiquei muito emocionada quando soube disso porque aquele poema cala fundo em mim, desde que o li pela primeira vez, e lá se vão possivelmente também uns 40 anos.
Sinceramente, acho que Nei Duclós deve ser mais lido, visitado, revisitado, habitado, citado, consagrado, etc.,etc.

Ele não me conhece, mas desde que li "OUTUBRO", em 1975 não deixei de me referir a ele como um poeta essencial. Gosto demais, quando ele diz : "Lento e bruto mudo. Sei que vem outubro." Desde então, eu acesso essa frase para renovar forças, entender fraquezas, enfim, é uma frase de referência para mim. Não tenho como, nem porque explicar, AQUI, tamanha importância e impacto dessa frase em mim, mas tenho como e porque citá-lo uma ou mais vezes, AQUI!

Hoje, para iniciar a semana, estou postando outro poema dele. Mais um, que vale a pena ler, reler e reter!"

Gilia postou meu poema Salvação, que faz sucesso desde que foi citado por Martha Medeiros na sua resenha sobre o filme Closer.

REPERCUSSÃO EM CARAS!

Meu poema "Quero um sorriso/ que dure uma quadra/ e dobre a esquina/ a iluminar-me" foi reproduzido na seção Foco, da revista Caras, edição número 796. No mesmo instante, dezenas de perfis do orkut divulgaram o poema, publicado pela primeira vez no meu livro de estréia Outubro. É o novo hit deste livro que só teve uma edição, há mais de 30 anos!

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