9 de setembro de 2009

OS FARSANTES


Tivemos nestes últimos dias uma avalanche de manifestações de um tipo notório tornado muito comum em todos os nichos. Existem farsantes no cinema, Oliver Stone, que fez um documentário laudatório para um dos seus pares, Hugo Chavez, um "farsante perigoso", segundo expressão usada por um general brasileiro, citado por Augusto Nunes; na política, Sarkozy, que só tira foto ao lado de quem é mais baixo do que ele; Lula, que voltou atrás de sua decisão irrevogável (está virando moda) de comprar aviões da França, porque os militares, os americanos e os suecos não gostaram; na música, Carlito Marrón, ou Carlinho Brown, que nos Brazilian Days de Nova York e Canadá usa cocar de índio de filme americano. Mas temos muito mais.

Vocês já passaram perto do estádio Morumbi, em São Paulo? Nada a ver com torcer contra ou a favor do São Paulo, dono do estádio, um time que admiro pelas muitas conquistas. Mas insisto: vocês já passaram perto de lá? Para quem olha com olhos livres, é o que é: um favelão. Dá medo. Seu entorno então, de avenidas lotadas, não convidam à circulação de veículos. Tudo isso foi visto pelos olheiros da Fifa. Ninguém engana os gringos. Os farsantes do Brasil acham que maquiando o defunto todos vão acreditar. A Fifa foi clara: o Brasil não tem estádio decente para a Copa de 2014 e precisa começar a trabalhar. Mas o que temos é o ministro dos Esportes em frente às câmaras. Tudo aqui se resolve com uma aparição no Jornal Nacional, o porta-voz de todas as farsas.

No Recife, estão construindo um estádio novo, fora da cidade, pois o velho está caindo aos pedaços. Por que não fizeram manutenção, não reformaram o antigo enquanto era tempo? Porque uma nova obra é a glória das empreiteiras, claro. A Fonte Nova (que se chama Octavio Mangabeira, o líder da UDN que em agosto de 1946 beijou a mão do general do exército dos EUA, Dwight Eisenhower, como vemos na foto acima), de Salvador, apodreceu. Foi interditado depois que sete pessoas morreram numa acidente, ou seja, deixam o troço cair aos pedaços para só depois tomar uma atitude, normalmente passiva. Já deveria ter outro estádio no lugar. Por que não tem? Porque aqui é o território dos farsantes.

Salvador está ou estava até ontem sob fogo cerrado dos bandidos, que matam a esmo e incendeiam ônibus. O modelo foi dado pelos eventos de 2006, quando o PCC usou do mesmo expediente, bem no período eleitoral. No Brasil da eterna ditadura, você não pode ter posições políticas que contrariem os interesses de quem quer se eternizar no poder. Você será desmoralizado, perseguido, arruinado, destruído. É por isso que existe a famosa passividade dos brasileiros, que levam chumbo por nada. Não se trata de indiferença ou alienação, mas do resultado da repressão em todos os níveis. Seja quem for que estiver no poder, não é o país que está em pauta, é o butim, o emprego garantido, o destino glorioso do successo, a riqueza. Isso é o que conta. Vai dizer que eles não podem, vai, e verás.

O cineasta vagabundo Oliver Stone mentiu sobre o Vietnã descaradamente, procurando heroismo onde só houve covardia. Agora incensa um ditadorzinho de meia tigela, o tal Chavez, ídolo dos lulistas no Brasil. Como é que a direção do Festival de Veneza compactua com essa farsa? O Brazilian Day, por mais de uma década, foi realizado espontaneamente, sem a pata pesada da Globo. Era um evento criado no espírito cosmopolita novayorquino. Virou território da Globo, que envia para lá seus atrizetes e suas atorzinhas para sacudir os braços e envia ou enfia seus talentos eternos, a tal aquela que se acha gostosa e se esganiça até o osso, cantando sempre as mesmas coisas e o tal Brown, o animador de auditório que assume um personagem fake, a exibir nossa eterna dependência cultural, macumba para turista, como dizia Oswald de Andrade.

E o presidente francês quer ser o Jean Paul Belmondo, posando em frente às camaras admirando sua primeira doma (que tirou 500 fotos totalmente peladaça), outra farsante, que fala fazendo biquinho, apesar de ser italiana e roça um violãozinho cool. Normal aparecer mostrando seus genitais em nu frontal nas fotos, não é mesmo? Não sejamos moralistas, ora...O importante é que ela aparece no Fantástico como a nova Lady Di (que foi assassinada) antes de o presidente francês vir aqui para arrancar bilhões dos trouxas.

Por que Octavio Mangabeira beijou a mão do general americano? Para desfazer o trabalho de Vargas na Segunda Guerra. Vargas enviou tropas, lutou ao lado deles e saiu vitorioso. Poderíamos ter colhido os frutos dessa empreitada. Mas a UDN tomou conta do governo Dutra logo depois do Estado Novo e esbagaçou todo nosso patrimônio. Era preciso desfazer a possibilidade de sermos uma potência aliada depois da guerra, e instaurar o servilismo típico dos farsantes.

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