19 de outubro de 2009

PECADOS MORTAIS DO JORNALISMO


Apesar dos bons serviços prestados pela imprensa, às vezes fica impossível aturar o que alguns apresentadores e repórteres dizem ou escrevem. O pior é que os lugares comuns não dão sinais de desistência e fica cada vez mais explícito que eles jamais mudarão os jargões, pois estão certo de que é assim desde que “o mundo é mundo”.

O QUE POUCA GENTE SABE - Em algum momento da profissão, o jornalista se sente uma divindade por deter o conhecimento do mundo, em todos os tempos. Ele faz parte de uma elite, a dos sabichões.

A SEGUIR, MAIS INFORMAÇÕES - Dizem isso no noticiário, mas o que poderia vir a seguir num jornal a não ser mais informações? É o mesmo que dizer: A seguir, vamos continuar respirando. Aguarde.

QUALIDADE DE VIDA - O jargão das consultorias contaminou as redações e de lá não saem mais. Qualidade de vida é poder exercer um estilo próprio, destacar-se da mesmice e publicar o que deve ser publicado e não o que ordenam os podres poderes.

VONTADE POLÍTICA – Essa se diferencia da vontade pura e simples porque a política dá mais dinheiro. Quando dizem falta vontade política é porque não chegaram ainda a um acordo sobre o montante a ser gasto na negociação.

JAMAIS PODERIA IMAGINAR - Já citei aqui, mas vale entrar neste novo cânone. O leitor ou a fonte são desprovidos de imaginação, talento que só o jornalista possui e costuma sempre destacar, para que todos morram de inveja de sua criatividade.

CLARO – Dito em tom peremptório, como aposto, expressa a obviedade do assunto que o espectador não consegue capturar e o apresentador, com um gesto ou cara de enfado, destaca não sem antes denunciar, no tom, que aquilo lhe custa muito esforço.

ESSA COISA DO “PERSONAGE” – Como ninguém verdadeiro chama a atenção da mídia, a moda é interpretar um papel e, o melhor, falar sobre o “personage”. Os repórteres, como fazem parte do show, adoram perguntar como que é essa coisa.

COMO SE SENTE PERDENDO TUDO? - Quem fizer essa pergunta deveria ser condenado e morar um ano na favela e todas as semanas responder como está se sentindo ao lado do esgoto, em barraco podre, na enchente ou abaixo de tiroteio.

RETORNO - Imagem desta edição: enchente no centro de Santo André. O Brasil não foi feito para chuva.

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