21 de novembro de 2009

RIO ACIMA


Nei Duclós

O rio guarda um país na outra margem
e um canal que engole navios

A cidade venta e está parada
Pescadores quietos sobre o barco
dentro da noite escutam passos

Silêncio, meu pai caminha sobre as águas
Ele persegue um peixe, a sua alma
remando com doçura e boca amarga

No rio, bóia meu coração em falso
resplandecendo, branco, no buraco
formado pelo céu e noite alta

Remamos rio acima
atrás de um surubi
ou cobra d´água
As luzes da ponte fazem sinais
Responde a estrela dalva


RETORNO - 1. Poema do livro No meio da rua (L&PM, 1979). 2. A imagem desta edição é de Anderson Petroceli, fotógrafo maior da fronteira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário