2 de dezembro de 2009

A IMAGEM FALA POR NÓS


Negar as evidências tem sido a artimanha de quem é pego com a mão na botija. A manifestação mais recente desse truque veio do próprio presidente da República, que, diante dos 30 (parece que agora são 50) vídeos mostrando o mensalão do governador Arruda, do DEM, disse que a imagem não fala por si, pois é preciso apurar tudo antes de tomar uma decisão. As imagens, mostrando uma súcia de corruptos embolsando o suado dinheiro público, falam por todos nós. O mais sinistro é que desconfiamos de grossa impunidade que está por vir, pois as denúncias migram de partido, uma mão lava a outra e o sistema continua intacto, com o mesmo tipo de prática, pois assim foi concebido para funcionar.

O novo mensalão fecha o ciclo, pois se situa no coração do sistema, o governo da capital federal, e envolve todo tipo de político e funcionários contratados por políticos. A partir do escândalo da era Collor, em que, segundo denúncias, deslancharam os limites das propinas, passando pelo dinheiroduto do Banestado da era FHC, o mesmo que se beneficiou dos artifícios financeiros para manter o real estável até garantir sua reeleição, segundo denúncia de Greg Palast, do The Guardian, chegando ao mensalão do PT, considerado obra de quadrilha pela Procuradoria Geral da República, está confirmada a situação trágica em que todo um sistema político foi engendrado para sugar e desviar os recursos da nação.

Não é, como analisou em editorial o jornal O Globo, reproduzido no blog do Noblat, “tibieza” (ah, essas palavras pífias) endêmica da nação, ou seja, “a incapacidade de o país ter uma vida pública dentro de parâmetros ético aceitáveis”. Pergunto se existiriam parâmetros éticos não aceitáveis. Há sempre esse esforço de negar o país, de dizer que ele não nasceu para a ética, de que somos corruptos por natureza. Corrupto é o sistema, implantado em 1964 e consolidado a partir de 1985, quando os dois partidos da ditadura, MDB e Arena, se desdobraram em novas siglas e empalmaram o poder. Assim, desmoralizaram a democracia, pois esse era o objetivo: provar que não nascemos para a grandeza e merecemos mesmo o tacão da ditadura.

Já existe há tempos um movimento pró-ditadura, como se tivéssemos derrotado a tirania. Continuamos nela, basta ver as imagens, olhar ao redor. Se houvesse democracia, toda a roubalheira não seria tão explícita, difundida e impune. Temos um sistema político engessado, que garante a imobilidade e os privilégios de uma casta, que para se manter à tona a toda hora incorpora novos agentes, como aconteceu com a canalha tucano-petista. Esse sistema serve à pirataria internacional, que continua em forma, apoiada pelos que negam a exploração internacional, como se fôssemos isolados nessa fraude monumental.

Agora é moda dizer que a Suíça sim é a coisa fofa do pai porque devolveu 28 milhões de dólares da corrupção comprovada de pessoas que continuam soltas por aqui. A Suíça é o receptáculo, o estuário, de todo o dinheiro da corrupção internacional, como comprovam inúmeras denúncias. Mantém as aparências da ética porque sabe da existência de bocòs que acredita em raça superior ou país que é rico graças à ética, e não ao esquema de domínio mundial. É moda também achar que esse traveco mal resolvido, o Robin Williams (deve sentir ciúmes dos travestis brasileiros que, imagina, lhe fazem concorrência) está com a razão ao achincalhar o Brasil.

O nefasto em Robin Williams é que ele opôs duas damas, Oprah e Michelle, às strippers brasileiras. Ou seja, em vez de destacar sua própria personalidade cínica e doente como paradigma dos EUA, ele se serviu de duas senhoras. E jogou merda para cima de nós. Quem representa o Brasil não são as strippers nem o pó, são as famílias, as pessoas honestas, de hoje e de ontem. O país não pode ser reconhecido como um lugar de sacanas só porque os sacanas estão no poder. Quem sabe vamos olhar os americanos como invasores de países, como foi reiterado por Obama (sim, ele pode) ao enviar mais 30 mil soldados ao Oriente Médio?

Não, Obama é Nobel da Paz, não pode. Robin Williams é ator, comediante. Não se trata de um escroque, isso fica para nós. Quem sabe eles deixam que nós, por aqui, possamos romper com o ciclo de bandidagem? Se fizermos isso, eles caem matando, como caíram muitas vezes. Eles precisam dos assassinos aqui para manter a riqueza lá. Mientras tanto, os enterradores da Pátria se enchem de razões para o suicídio de achar que não temos jeito nem solução.

RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.

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