22 de novembro de 2010

ANJO DA GUARDA


Nei Duclós

Nada dispersa a atenção do anjo
Nenhum segundo é feito de cansaço
O rosto imerso em luz e sombra
O olhar reflexo em sua guarda

Se você chegar, ele não se espanta
Nem cobra o passado desse encontro
Esteve sempre ali, como um presente
Ocultando o brilho de sua trama

Ao tocá-lo, não olhe com escândalo
nem separe as asas de seu corpo
Esconda o desespero da surpresa

Por cair do céu, ele é soneto
Por ser poema, ele é destino
Por ficar no fim, ele é uma estrela


RETORNO - 1.Poema do livro No Mar, Veremos (Ed. Globo, 2001). 2. Imagem desta edição: cena de Asas do Desejo, de Wim Wenders.

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