19 de novembro de 2010

TESTAMENTO


Nei Duclós


Declaro o peito sem medalhas
e a farda azul das palavras

Declaro o beijo e o sobressalto
a tocaia no colo
o ombro pisado pelas águias

Acumulei o futuro no inverno
para soltá-lo, pantera
na perna dos incrédulos

Declaro minha solidão eterna
e a saliva coberta de noites em claro
a fome que passei
e a glória de engolir as pedras

A timidez como flor do vale
O amor como o vento de maio
e a agressividade também declaro
Que não tenha machucado
a quem eu quis amar



RETORNO - Imagem desta edição: obra de Ricky Bols.

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