31 de janeiro de 2010

O QUE É A NATUREZA?



Quando a humanidade chegou do seu planeta de origem, que é feito de mosaico vermelho em toda sua superfície, viu que precisava enfrentar e dominar o que chamou de natureza. Tudo o que contrariava a humanidade era a natureza. Por isso a primeira providência foi transformar o mato em deserto, que tem bastante areia para as edificações e para cerâmicas lisas onde os pés pudessem pisar sem cravar espinhos. Além de providenciar árabes para animar os blockbusters na sua luta insana contra os infiéis e na guerra recorrente em que sempre acabam levando um pau dos gringos nas matinês.

Só que a natureza não se deixou dominar assim no más. Havia na época ancestral uma Ong poderosa, decidida a proteger micos leões dourados, golfinhos e tartarugas. O resto podia matar. E foi assim que despareceram todos os bichos existentes, fazendo com que a palavra Animais fosse seguida imediatamente pela classificação de Em Extinção. Sobrou apenas o projeto Tamar, o Circo Garcia e a série Fliper. Assim ficaram garantidos os sinais mais evidentes da natureza, mesmo que se reconheça a origem extra-terrestre dos golfinhos, bichos aquáticos que batem palminhas e orientam cardumes para o massacre. Mas como ficou evidente o grande crime cometido contra a Terra, o negócio foi substituir a natureza por outra coisa, que vamos elencar a seguir.

Natureza é Lula deixando a peteca cair, é sofá velho sendo carregado pelo esgoto, é buraco na estrada a três por quatro, é morro despencado na estrada obsoleta, caminhão cheio de troncos de árvores levantando poeira no deserto. Também pode ser entendido como coração na véspera do enfarte, parto com dor, sexo pago, trilha chic em parque sustentado por dinheiro público alemão, rapel em cascata véu de noiva. É uma invenção humana, portanto vinda das estrelas,nada a ver com leõzinhos se pegando na savana sob as lentes dos documentários milionários.

Tudo faz parte da natureza: a eternidade da Xuxa, o show de Natal do Roberto, o domingão do Faustão, o narigão do Luciano Huck, a risota da Ana Maria Braga, a respiração suspensa dos editorialistas da TV, o Oscar Niemeyer construindo monstrengo de concreto numa cidade montanhosa histórica italiana do século V e sendo chamado de gênio pela apresentadora derretida em babações fanhas.

O que não faz parte da natureza é esse troço sem sentido que é uma árvore, um cacho de cinamomo, um pé de mamão selvagem, uma floresta de palmeiras no Pantanal. Nada tem a ver com a natureza o fato de peixe pular para dentro do barco, arco-íris nas cataratas, lua sobre o mar, água brotando da fonte, fruto colhido com a mão, semente sem bactéria embutida. Tudo isso faz parte de uma grande calúnia, pois a soja transgênica existe desde sempre e foi criada junto com a extração do fosfato no paraíso ambiental pela multinacional bandida.

Perde-se tempo confundindo conceitos. Ninguém quer voltar para o mato porque tem espinho, barro e mosquito. Todo montanhista sonha em passear em Paris. Piso de azulejo é a essência do conforto que trouxemos de estrelas distantes, já que aportamos por aqui por castigo. Ter que matar aborigenes, africanos, amarelos , bugres, mulatos e cafusos para poder morar em palácio superfaturado deu trabalho. De pena e para aplacar a ira dos ambientalistas, foram construídos jardins suspensos em algumas mansões.

Nada melhor do que lutar pela preservação nas dunas do Saara. É emocionante fechar os punhos pedindo a proteção das nascentes enquanto discutimos a distribuição dos royalties do pré-sal.

29 de janeiro de 2010

QUEM SABE, ENSINA


É chato falar dessas coisas, pois já tem muito assunto mala exigindo nossa atenção. Mas pensar sobre nossa profissão deve fazer parte da atividade, sob pena de deixarmos um vazio que logo é preenchido pelos oportunistas, que acabam ganhando os tubos para pontificar obviedades. Quem faz, sabe, e deve dizer. E quem sabe e diz, ensina. Aprende quem tem juízo.

O jornalismo sozinho não faz verão. Isso não significa que deva ser desconstruído em função do faturamento. Manter a essência da atividade – que é reportar fatos selecionados pela edição – sem se transformar num circo de cavalinhos, é o caminho seguro para a sobrevivência dos veículos. Mas isso não tem sido levado em consideração.

O motivo principal não é apenas a cretinice – embora isso influa bastante – ou o marketing equivocado (o imediatismo e a necessidade de fazer caixa rapidamente), mas o entorno das redações: as instituições democráticas, ameaçadas pelo continuísmo político e a crescente ação da censura; a situação econômica do país, em que o endividamento é hegemônico (até as grandes redes do varejo se transformaram em agentes financeiros), os direitos da cidadania, em baixa, basta ver o resultado da falta de políticas públicas.

Sem o entorno sólido, não adianta querer ser jornalista. Numa hora ou outro, te pegam. Aí tudo fica reduzido ao que vemos diariamente. Quando o bairro inunda, o jornalista não tem que arrancar declarações de como as pessoas perderam tudo ou lamentar em pitacos editorialistas a tragédia que se repete cada vez com mais intensidade. Também não tem de ficar convocando especialista. O sabichão tem por objetivo confinar a lógica longe do jornalismo, num curral identificável, que passe lotado pela sucessão de mortes e da incompetência dos jornais. O que então é preciso fazer?

Dou um exemplo. Sumiram seis jovens em um mês em Luiziânia, Goiás. O noticiário disse isso, que morreram misteriosamente seis garotos num curto espaço de tempo. Não segui o assunto, mas na época em que eu li ficaram esperando a próxima declaração das autoridades. Ou seja, o repórter não foi lá fazer a reportagem. Quem eram realmente as vítimas, o que existia de comum entre elas, qual o depoimento de vizinhos e parentes, se houve antecedentes, o que diz a investigação policial, se é que houve ou está havendo.

O jornal precisa cobrir o evento diariamente, ir em cima, fazer o serviço completo. Não pode é ficar dependurado nos releases como os velhos inadimplentes que se arrastavam na boléia dos bondes antigos para escapar do cobrador. Um jornalismo a reboque das versões oficiais dos fatos se reflete nos textos, que estão cheios de “no entender” de fulano. Quem escreve “no entender” participa do cerco da mediocriade. Para rompê-lo, só com jornalista competente, o que inclui fôlego, preparo e talento.

Não exigem mais nada porque o espaço editorial está prenhe de inutilidades. Concursos de beleza de adolescentes sub-nutridas, farto noticiário sobre o vai e vem da publicidade, links nos shoppings em dia de compras, separação ou não de Jolie e Brad Pitt, o fenômeno Lady gaga. Aí o espertalhão do Steve Jobs lança o milésimo badulaque eletrônico, cada vez maior (daqui a pouco chegam ao cinemascope) e todos acham o supra-sumo da cocada preta.

O jornalismo não pode ficar nas mãos do Steve Jobs ou da Microsoft. Mas sim nas mãos do jornalista que luta o bom combate. A emergência de novas ferramentas não elimina o acervo acumulado na profissão. Mas idade não é virtude e a análise pode partir de todo tipo de jornalista. Instaure-se a interlocução para exercemos um papel nas mudanças

A experiência precisa ser convocada para a análise. Não basta passar uma vida nas redações e retirar-se.O jornalismo precisa de informação sobre si mesmo. Não se pode deixar esse trabalho na mão de quem não sabe o que é uma redação. A atividade jornalística deve ser objeto da investigação de quem produz. A análise empírica do ofício faz falta. Chega de comunicólogos e consultores .

O desafio é grande. Um texto nunca fica pronto. Sempre é possível reescrever. Antes, as versões iam para o lixo. Agora elas coexistem, simultâneas, na internet. O prazer da leitura só voltará aos jornais quando o talento for hegemônico e a mediocridade perder todo o poder.

A ferramenta mais poderosa do jornalismo ainda é a alfabetização. Quem usa "por conta, sinaliza, dia desses" não tem iPad que conserte. Precisamos nos livrar de alguns vícios que tomaram conta da atividade jornalística. Por exemplo: o andar da reportagem ao lado da fonte até o núcleo do tema é falso, combinado antes. Quando o (a) repórter de TV convida a fonte a caminhar junto até o assunto, é sinal que a narrativa linear ainda domina, entre nós, a mídia visual.

É como o cumprimento entre apresentadores. Eles já se encontraram várias vezes antes, mas se dizem bom dia quando vão ao ar. O noticiário começa a mentir aí.

RETORNO - Imagem desta edição: Charlton Heston como Moisés no filme Os Dez Mandamentos. É o sonho de consumo do Steve Jobs, que cada vez aumenta mais a tela dos seus badulaques.

28 de janeiro de 2010

HAARP: ORIGENS DA MÁQUINA DE TERREMOTOS


Publico a seguir um trecho editado por mim do artigo de Thierry Meyssan, editor da Voltaire.net (o texto completo pode ser acessado neste endereço). Ele conta como a idéia começou a tomar forma nos anos 40 e como um projeto de máquina de provocar terremotos migrou da antiga URSS, transformada na Rússia de Boris Yeltsin, para as Forças Armadas americanas, quando foi integrada ao projeto HAARP. Thierry discute, no link em inglês, a possibilidade de o terremoto do Haiti ter sido provocado por essa arma.

Essa é uma tragédia do nosso tempo, que clama por um julgamento internacional dos responsáveis por crimes contra a humanidade. Na seqüência, um reforço esclarecedor: um relatório feito por intelectuais contratados pelo Departamento de Estado projetando o uso de armas climáticas para 2025. Publicamos a introdução, com o link equivalente. É uma avalanche de informações difundidas pelo Diário da Fonte, graças a pesquisa de Ida Duclós (mais informações em @BrazilTour, do Twitter).

RÚSSIA CONSTRUIU ARMA SÍSMICA
E VENDEU PARA OS EUA


Thierry Meyssan

Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de pesquisadores da Nova Zelândia tentou desenvolver um dispositivo capaz de provocar tsunamis que poderiam ser desencadeadas contra o Japão. O trabalho de pesquisa foi realizado por Thomas Leech, um australiano, na Universidade de Auckland por trás do nome de código "Projecto Seal". Várias explosões de pequena escala de teste foram realizadas com sucesso, entre 1944 e 1945, na Whangaparaoa ao largo da costa de Auckland.

Os Estados Unidos considerou este programa tão promissor quanto o "Projeto Manhattan", da bomba atômica, e nomeou o Dr. Karl T. Compton para manter a ligação entre as duas unidades de pesquisa. Compton foi um físico norte-americano e presidente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts 1930-1948.

O trabalho iniciado por Thomas Leech teve continuidade durante a Guerra Fria. Em 1947, o rei George VI o elevou à categoria de Cavaleiro do Império Britânico por seu papel na elaboração desta nova arma. Ao mesmo tempo, o Projeto Selo ainda era um segredo militar e não foi divulgado, portanto, que Thomas Leech tinha de fato sido recompensado por inventar a bomba "tsunami". Posteriormente, os serviços de inteligência dos EUA alegou que a investigação nunca realmente existiu e que tudo tinha sido um artifício para impressionar os soviéticos. No entanto, a autenticidade das provas surgiu em 1999, quando o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Nova Zelândia liberou parte da documentação.

Não se sabe se a investigação realizada pelos anglo-saxões continuaram durante a década de 60, mas foi retomada por força das circunstâncias, quando testes nucleares atmosféricos foram abandonadas em favor de sub-testes marinhos. Os Estados Unidos ficaram com medo de provocar terremotos e maremotos involuntariamente. Eles preferiam aprender a fazê-lo intencionalmente.

Oficialmente, no final da Guerra do Vietnã, os Estados Unidos e a União Soviética entraram em acordo sobre batalhas ambientais (terramotos, tsunamis, a desestabilização do equilíbrio ambiental, a modificação da atmosfera - nuvens, chuva, ciclones, furacões -, a alteração do clima, as correntes oceânicas, a camada de ozonio e da ionosfera). Em 1976 foi assinada a "Convenção sobre a Proibição do Militar ou qualquer outra utilização hostil de Técnicas de Modificação Ambiental".

No entanto, em 1975, a URSS iniciou uma nova investigação, desta vez no campo da magneto (MHD) para a finalidade de estudar a crosta terrestre e ser capaz de prever terremotos. Os soviéticos examinaram a possibilidade de provocar terremotos pequenos, a fim de evitar um grande problema. Esta pesquisa foi rapidamente militarizada e resultou na construção de Pamir, a máquina do terremoto.

Após o desmembramento da URSS, os responsáveis deste programa decidiram ir para os Estados Unidos para atrair dinheiro, mas o Pentágono se recusou a pagá-los, já que sua investigação estava incompleta. Em 1995, quando a Rússia era governada por Boris Yeltsin e o oligarca Viktor Chernomyrdin, a Força Aérea americana recrutou os investigadores que trabalham em seu laboratório de Nizhny Novgorod. Eles construíram uma máquina muito mais poderosa, Pamir 3, que foi testado com sucesso. Nesse ponto, o Pentágono contratou os pesquisadores, juntamente com o material, onde foram incorporadas no programa HAARP.


O CLIMA COMO ARMA: ANTECEDENTES

O tempo como força multiplicadora: dominando o clima em 2025

Relatório apresentado em 17 de Junho de 1996, produzido pelo Departamento de Defesa à àForça Aérea americana. Por Col Tamzy J. House/ Lt Col James B. Near, Jr., LTC William B. Shields (USA), Maj Ronald J. Celentano, Maj David M. Husband, Maj Ann E. Mercer
Maj James E. Pugh.

Em 2025, as forças aeroespaciais E.U. podem dominar "o próprio tempo", capitalizando as tecnologias emergentes e com foco em desenvolvimento de tecnologias para aplicações de combate. Esta capacidade oferece à guerra ferramentas de combate a moldar o campo de batalha de uma forma nunca antes possível. Ele oferece oportunidades de impacto operações em todo o espectro do conflito e é pertinente a todos os futuros possíveis. O objetivo deste relatório é traçar uma estratégia para a utilização, num tempo futuro, de um sistema de modificação do clima para atingir objetivos técnicos detalhados.

Na publicação "foi o terremoto no Haiti, provocada pelos Estados Unidos?", nosso objetivo foi trazer para fora uma questão que está agitando os círculos militares e meios de comunicação em vários países, mas que está sendo ignorada em outras. O que importa aqui não é tomar uma posição. De acordo com nossa abordagem, embora muitas vezes incompreendido, é impossível ter uma boa compreensão do xadrez internacional sem estudar o que os líderes deste planeta estão pensando.

Um dos nossos colaboradores tentou rastrear a origem da acusação quanto às possíveis causas do sismo artificial no Haiti. Ele estava preocupado que a coisa toda poderia ter sido uma brincadeira lançada por um certo David Booth (alias Sorcha Faal). No final, nós não tem certeza exatamente quem está por trás da acusação, mas o que sabemos com certeza é que esta questão está sendo calorosamente discutida ao mais alto nível em vários países da América Latina, Europa Oriental e Ásia.

RETORNO - Mais links sobre a máquina de terremotos.

27 de janeiro de 2010

COM A PALAVRA, ZÉ RAMALHO



INVERSÃO DE PAPÉIS


Alguém me adiciona no Twitter. Visito então o perfil de quem fez o gesto e noto, algumas vezes, que é preciso enviar uma solicitação para ser adicionado. Quando me parece alguém sério, me submeto ao trâmite. Resultado: lá aparece a mensagem me dando as boas vindas. Bem-vindo o cacete, essa seria minha fala nessa situação. Outro exemplo: o sujeito me envia spam do seu blog e me chama de “leitor”. Leitor é a progenitora.

Lembro sempre aquela piada da chanchada brasileira em que o grandalhão diz: “Fico o tempo que eu quiser”, ao que a perua adverte: “Nem um minutinho a mais, viu?” A inversão dos papéis atinge assim o estado de arte. Custa a cair a ficha: aquele paparico em cima de você é para te cobrar, te arrancar alguma coisa ou te fazer de subalterno. Na hora em que você morde a isca, está perdido. Te chamam de um grande coisa. No dia seguinte te cobram por esse papel que você não reinvindicou: “Já que você é um grande coisa, por que disse isso ou cometeu tal erro?”

Você acha que virou vitrine, mas é apenas vidraça. Prepare-se.Sendo o que dizem ser, você acaba à disposição da pressão alheia sobre desempenho de papéis, que é sempre o avesso do que foi imaginado. Quando existe envolvimento físico, então, é a tragédia total. Te pedem um favor: levar em mãos alguma coisa para determinado lugar. De boa vontade, você vai. Chegando lá, é tratado como serviçal. Tempos depois, estão querendo que você repita o gesto: ei, vê se dá uma varridinha, ou alcance o cafezinho.

Vizinhos promovem a maior muvuca em frente da sua casa. Prudente, você vai dar uma espiada. Logo que sua fuça assoma no portão, alguém mete as mãos na cintura e dirige o queixo bem espichado para você. O intruso não é ele. Você é o invasivo, por querer saber o que fazem na porta da rua. Mas é que todos tem o direito de foder com a vida alheia. Estão garantidos. Nunca errados.

Tenho ido pouco à praia. Janeirão cheio de mormaço, sol venenoso, chuva e ventania. Foi-se a época do tempo firme no início do ano. Mas a pouca freqüência na areia não diminui os transtornos. Uma coisa que me surpreende é a capacidade de grupos dominarem todos os espaços. Você se acomoda placidamente num canto e de repente está rodeado de urros, uivos, gargalhadas estéreis, conversas compulsivas, patadas na areia, respngos de corpos fedidos, gotas de sorvetes que pingam de bocas ávidas. Você chegou antes, mas deve se retirar.

A voracidade com que devoram milho, picolé, caipirinha, cerveja, sanduíches na praia impressiona. Línguas em intensa atividade, bocas escancaradas, ansiedade total. Parece que não há tempo para mais nada. Aproveitar ao máximo é a lei. Depois de nos livrarmos do Apocalipse de Nostradamus (ninguém fala mais no sujeito) na virada do milênio (palavra que deu para bola) agora vem o apocalipse maia em 2012. O fim dos tempos deixa todo mundo desarmado diante do que realmente estão fazendo:transformam cidadãos em pessoas medrosas,enraivecidas, prepotentes.

Amor há, mas pouco se manifesta. É preciso inverter a balança sinistra e deixar que o prato do amor tenha mais presença. Senão nos devoraremos todos em churrascos ruidosos dos últimos fins-de-semana.

RETORNO - A imagem é a aquela que todos conhecem. Bastou escrever o texto pesado acima para fazer uma bela tarde de sol e descobrir o óbvio: o mar é sempre maior e na praia tem muita gente tranquila. Mudamos de humor e de sintonias conforme a terra vai reagindo a tanta atgressão. Nada como o verão em sua forma clássica para inverter os papéis: o pessimismo some diante do crepúsculo, pontuado pelas ondas e o cantinho de areia inventado pela montanha.

26 de janeiro de 2010

CAIU O SISTEMA


Nei Duclós (*)

Sobram exemplos de queda do sistema, mas nada comparado à tomada do Palácio de Inverno ou à guerrilha de Sierra Maestra. Quando serviços básicos da internet param de atender aos nossos caprichos, há pânico, mas não é sinal de uma revolução à vista. No máximo a impossibilidade provisória de dialogar com meio mundo pode provocar seqüelas para a vida adulta.

A crise que abalou as Bolsas de Valores, vistas até então como lugares meio loucos, mas confiáveis, deve ser atribuída às contradições do capitalismo e não à idéia de que o Chavez tinha razão. Quando o caixa do banco deixa de funcionar na hora exata de resgatar o cheque que iria salvar sua vida é mais um trauma psicológico do que outra coisa. Não significa que o universo financeiro não esteja conspirando a seu favor.

A verdade é que não se derruba mais o sistema, ele cai simplesmente. Descobrimos que era algo precário, contra o qual desperdiçamos nossas vidas. Tantos punhos cerrados, passeatas e voto útil para nos entregarmos ao fato de que não podemos viver sem ele, apesar da revolta. Não chega a ser uma compensação verificar que o sistema cai de maduro, como acontece quando você usa banda larga sem fio. Mas também é um alívio abandonar a ilusão de que uma escopeta poderia impedir a irresistível ascensão dos bobalhões ao poder.

Hoje vemos idiotas posudos nas fotos dos grandes encontros. Não existe mais aquela soma de carismas que reunia a flor da gerontocracia, em que vetustos líderes, alguns em cadeira de rodas, faziam parar a máquina da guerra depois que as nações se estraçalharam. O que existe são apêndices de beldades aparentemente governando desde Paris, ou potenciais candidatos ao harakiri fazendo autocrítica ao deixar o poder.

É que, com a queda daquele sistema que tomou conta das nossas preocupações por mais de uma vida, houve a substituição por algo pífio, como se a montanha (nossa expectativa pelo futuro) parisse um rato (o bolivarismo, por exemplo). Enquanto isso, tanques de guerra invadem o país negro em ruínas, como se a população pacífica fosse a bomba étnica prestes a explodir. Talvez o único sistema que deva cair seja o da estupidez humana, que prepara o Apocalipse como se fosse redigir um curso a distância.

RETORNO - 1. Crônica publicada nesta terça-feira, dia 26 de janeiro de 2010, no caderno Variedades, do Diário Catarinense. 2. Imagem desta edição: Horse, obra do estupendo Ricky Bols.

25 de janeiro de 2010

GENOCIDAS TOCAM HAARP: UMA DENÚNCIA DE 2001


Em 2001 foi publicado este artigo no veículo The Cutting Edge, que reproduzo a seguir. Recebi por e-mail em 2004 (eu guardo tudo) e não dei bola. Achei exagero, na época nem cheguei a ler todo. Agora que os genocidas estão a toda, matando centenas de milhares de pessoas provocando furacões, tornados e terremotos, será tarde demais? Agora que eles provaram que podem, depois que todos silenciaram quando deveriam ter denunciado, agora que perdemos tempo achando que tudo não passava de teoria da conspiração, talvez seja mesmo tarde. O forte do texto a seguir é o tom didático: fica tudo esclarecido.

UMA VISÃO TENEBROSA DO CONTROLE DO CLIMA

Autor: David Bay
Tradução: Jeremias R D P dos Santos
Data da publicação: 28/11/2001


A idéia que está por trás do Controle do Clima é simples, quando você pensa de forma simples. Quando presencia um forte temporal, com muitos relâmpagos e trovões, qual fato o deixa mais intrigado? Você não fica impressionado com a poderosa exibição de descarga de energia? A energia é o ingrediente básico que está por trás das tempestades. Portanto, você precisa acreditar que, talvez, se a energia for o fator externo dominante em todos os tipos de tempestades, então pode ser também o fator-chave para a criação delas.

Assim, quanta energia é necessária para criar e depois direcionar as tempestades? A resposta a essa pergunta depende de muitos fatores, mas vamos lhe dizer quanta capacidade foi construída na recente central de transmissão de energia criada no remoto Alasca. Essas torres de transmissão de energia não são torres típicas, pois foram projetadas para gerar energia de um modo tal que ela é irradiada na ionosfera em uma quantidade imensa.

"O projeto de trinta milhões de dólares do Pentágono, eufemisticamente chamado de HAARP (High Frequency Active Auroral Research) é feito para projetar mais de 1.7 GW (gigawatts) de energia radiada na ionosfera – a camada eletricamente carregada que está acima da atmosfera da Terra. Basicamente, o aparelho é o inverso de um radiotelescópio - apenas transmite em vez de receber. Ele 'faz ferver a parte superior da atmosfera'. Após aquecer e interferir com a ionosfera, as radiações são refletidas de volta para a Terra, formando longas ondas que penetram em nossos corpos, no solo e nos oceanos." [do livro Angels Don't Play This HAARP, pg 8, de Nick Begich]

Diz Begich: "O invento propicia a capacidade de colocar quantidades sem precedentes de energia na atmosfera da Terra em locais estratégicos e manter o nível de injeção, particularmente se o pulso aleatório for empregado, de uma maneira muito mais precisa e melhor controlada que até aqui realizada pela arte anterior..." [pg 28]

"... o objetivo é aprender como manipular a ionosfera em uma escala muito maior do que a União Soviética pôde fazer com suas instalações similares. HAARP seria o maior aquecedor ionosférico no mundo, localizado em uma latitude mais favorável para colocar a invenção de Eastlund em prática." [pg 29]. Além disso, a partir dessa latitude ao norte, a energia poderia ser direcionada à ionosfera para que fosse refletida de volta para a Terra exatamente onde os cientistas querem que ela caia. O segredo é aprender como e onde direcioná-la para atingir a Terra onde eles querem que ela caia, criando o tipo de desastre ou condição climática que desejarem.

Em resumo, esse é o núcleo do conhecimento adquirido recentemente para controlar o clima. Derramando energia medida que foi focada em certas partes da ionosfera, os cientistas podem criar todos os tipos de tempestades, como furacões, chuvas fortes, inundações, tornados e seca. No artigo N1118, "UM Treaty Proves Weather Control is Real", citamos artigos publicados na imprensa que informaram que a Malásia contratou um empresa russa de Modificação do Clima para criar um furacão que fosse direcionado bem perto para limpar a poluição atmosférica das cidades malaias sem realmente vir até a terra e causar devastação. Essa companhia russa forneceu a solução e a Malásia limpou seus ares.

Nossas fontes de informações também nos dizem que não somente furacões podem ser criados, mas podem ser desmantelados se os cientistas desejarem. E, eles certamente podem ser levados ao oceano exatamente como dirigimos nossos carros nas estradas. Portanto, precisamos perguntar por que os cientistas americanos permitem que um número sem precedentes de furacões, como o Andrew, venham ao continente? Por que os cientistas estão permitindo grandes danos e perdas de vidas nas recentes tempestades sem precedentes, se têm a capacidade de manter essas tempestades longe de nós?

O governo não tem nossos melhores interesses em vista? Mantenha essa idéia em mente ao examinarmos outros aspectos dessa tecnologia HAARP que está lançando uma enorme quantidade de energia na camada superior da atmosfera. Os pesquisadores rapidamente descobriram que essa tecnologia poderia ser usada de outras formas que não apenas para controlar o clima. Descobriram que tinham tropeçado em uma arma que poderia ser utilizada de forma muitíssimo eficiente, para destruir, destruir e destruir, sem que a vasta maioria da população mundial saiba o que está acontecendo com ela. Afinal, a maior parte das pessoas hoje ainda acredita que o controle do clima básico do planeta esteja fora do alcance da humanidade...


Essa tecnologia pode criar terremotos quando e onde forem desejados na Terra. [pg 18, 26, falam sobre o uso de HAARP para criar terremotos. Entretanto, as forças armadas americanas descobriram acidentalmente como criar terremotos usando uma tecnologia ligeiramente diferente. "Os engenheiros tentaram substituir uma seção 10x40 Km da ionosfera com um "escudo de telecomunicações" de 350.000 agulhas de cobre lançadas em órbita... quando os militares enviaram uma faixa de pequenos fios de cobre para a atmosfera para orbitar o planeta de modo a 'refletir as ondas de rádio e tornar a recepção mais clara', tivemos o terremoto de 8.5 graus no Alasca e o Chile perdeu uma boa parte da sua região costeira. Aquela faixa de fios de cobre interferiu com o campo magnético da Terra.

"Pode mar os sistemas climáticos globais, alterando os padrões do tempo, a incidência de chuvas, ou secas. [pg 19,26] Fazer a Terra sair de seu ciclo normal de rotação. [pg 21] Redirecionar as correntes de ar na atmosfera [pg 34, 39] Redirecionar o fluxo de Electrojet Stream [pg 41] Magnificar e focalizar a luz solar, um efeito chamado de skybusting [pg 35] Esse processo poderia provocar buracos nas camadas protetoras de ozônio, permitindo assim que uma luz solar intensa atravesse a atmosfera e provoque queimaduras graves nas pessoas [pg 57... Usando o bombardeio de ondas de freqüência extremamente baixas, na mesma faixa de freqüência que o cérebro humano opera, você pode mudar os pensamentos e emoções de uma pessoa. Deus nos ajude quando e se os homens ímpios aperfeiçoarem esse tipo de armamento!

HAARP pode criar explosões da mesma magnitude de uma bomba nuclear, mas sem a radiação! [pg 38, 62]. Esse processo está protegido pela patente 4.873.928... Como essa arma, seria possível atacar alvos com grandes explosões, mas sem lançar mísseis com ogivas nucleares, ou usar aviões, ou porta-aviões!! Essa descoberta poderá tornar todos as estratégias militares sobre como se defender de um ataque inimigo totalmente inúteis.

Subitamente, tenho algumas idéias luminosas! Compreendo por que os negociadores russos e norte-americanos puderam chegar a um acordo sobre a destruição de tantas ogivas e mísseis nucleares. Cada lado até mesmo permitiu que equipes de inspeção supervisionassem a destruição das ogivas e mísseis do outro. O mundo sentiu-se muito mais seguro. Entretanto, as ogivas nucleares transportadas por mísseis estão obsoletas!! Se ambos os lados podem criar explosões da mesma magnitude de uma bomba nuclear sem criar radiação, por meio das torres de transmissão de rádio do tipo HAARP, os mísseis com ogivas nucleares não serão mais necessários. Como você se defende de um ataque de magnitude nuclear que está sendo iniciado por ondas de rádio ELF silenciosas e invisíveis? Como se defende de um ataque de magnitude nuclear que está sendo iniciado por ondas de rádio ELF geradas no território inimigo, que sobem até a ionosfera e depois são refletidas para o seu território para criar a explosão?

Claramente, o mundo entrou em uma era de guerra totalmente nova, que ninguém antes concebeu nem imaginou muito bem. Além disso, esse assunto nos traz à próxima capacidade de HAARP e da tecnologia de ondas de rádio similares. Esses transmissores de rádio de ELF podem formar um escudo impenetrável contra os mísseis e aviões invasores, ou qualquer coisa que tente penetrar no espaço aéreo! Então, por que estamos tentando aperfeiçoar um míssil antimíssil que pode realmente abater outro míssil no ar? (...)

A maior preocupação do autor e cientista de Nova Era, Nick Begich, em seu livro “Angels Don't Play This HAARP”é que os cientistas e militares são muito arrogantes no uso ignorante e inconseqüente da energia que está sendo disparada na ionosfera. Os cientistas militares falam sobre "colocar essa coisa em quinta marcha e ver o que acontece"! Essa atitude é de uma total arrogância. E se eles iniciarem uma reação não intencional na atmosfera que não puder ser controlada ou paralisada?

A ILUSÃO ANTES DO CRIME


A cena, representada na foto acima, ficou famosa em Godfather II: antes de mandar matar o irmão, o novo Don Corleone, interpretado por Al Pacino, abraça a vítima, dá-lhe dinheiro, passagens e lhe deseja boa viagem. Logo em seguida, seus capangas mandam bala. Iludir o condenado serve para desarmá-lo, torná-lo disponível para o crime (qual seu último desejo?). É o que acontece o tempo todo. Somos levados à ilusão do conforto via publicidade e endividamento progressivo antes de chegar a inundação e arrasar tudo, ou seja, zerar o patrimônio para o cidadão recomeçar do zero.

Vimos o que aconteceu com o clima. Al Gore percorreu o mundo convencendo todas as platéias que vivemos numa era de aquecimento global, isso depois de décadas de papo furado sobre uma nova era glacial que se aproximava. O mundo ficou indignado diante das negativas dos Estados Unidos e China que se recusavam a cumprir metas para evitar o efeito estufa. Agora ficou claro: o aquecimento global era apenas a ilusão ideológica para mascarar o grande crime, que são os experimentos e uso da nova arma, o HAARP, abordado ultimamente por fontes sérias em todo o mundo e que paira como ameaça desde os anos 90.

Conversei esses dias com um senhor que mora em Passo Fundo e vende colheitadeiras. Disse que nunca viu coisa igual. Escutou o relato de vários agricultores depois dos eventos climáticos arrasadores na região. Pesadas máquinas foram arrancadas do chão como se fossem papel e jogadas a cem metros. Nos depoimentos de moradores do oeste catarinense, as tempestades súbitas se armam num visual de fim do mundo e o que vem a seguir é sempre sinistro e arrasador. Em alguns municípios, antes dos tornados mortais surgem sinais luminosos no céu (bombardeamento energético da ionosfera?) e até figuras geométricas nas plantações, a exemplo do que acontece em várias partes do mundo.

Os sinais são atribuídos pelos ufólogos a seres extra-terrestres, mas já ultrapassamos a fase de procurar além de nós as pistas dos crimes humanos. Quando começaram a acontecer as primeiras mudanças radicais do clima, minha Tia Ceci, considerada meio avoada que não dizia coisa com coisa, atribuiu às experiências nucleares de russos e americanos as transformações das estações. “O tempo não é mais o mesmo”, dizia. Começo a considerar que as marcas nas plantações são uma espécie de tiro ao alvo das armas climáticas, que imprimem figuras geométricas em determinados pontos como experimento. Ria, por enquanto.

Esses assuntos, considerados ainda conversa fiada, tiram meu sono. Se os caras são capazes de cometer genocídio, matando grandes contingentes de populações negras em Nova Orleans e no Haiti, se são capazes de matar centenas de “amarelos” com um tsunami provocado, conforme suspeitas cada vez mais evidentes, então são capazes de qualquer coisa. Qual o motivo para tanta bandidagem? se perguntam os céticos. A resposta foi dada aqui ontem pelo ex-especialista do Departamento de Estado americano: os militares do império vivem buscando as armas mais devastadoras e correm qualquer risco para alcançar seus objetivos. Não sabiam o que haveria com a explosão nuclear. Arriscaram. Claro, com a pele dos outros.

Vimos como o jornalismo deixou de ser uma atividade séria para se adaptar à indústria do entretenimento. Como a música deixou de habitar espíritos para se transformar na emissão de energia ruim, sincopada, repetitiva, que impacta os corpos-receptores influindo em seus sentimentos e pensamentos. Criaram legiões de monstros mentais, que estão por toda a parte, com seus sons envenenados e asquerosos. Tun tunc tunc: agora faz sentido. Iludem as mentes de algo que parece ser ação mas é só movimento (não confundir os dois, avisou Ernst Hemingway), para que todos possam iludir o tédio com a famigerada adrenalina.

Estamos sendo tonteados pelos criminosos antes dos massacres. O canto de sereia de Al Gore, a comunicação vendida ao capital financeiro, as campanhas de solidariedade depois das catástrofes provocadas, para que os sobreviventes e testemunhas se acostumem a elas. Somos politicamente corretos, multi-étnicos, contra o aquecimento e a favor dos americanos dando as cartas no Haiti. Devíamos era olhar em torno e estudar o céu, para ver o que eles vão aprontar daqui a pouco, quando estivermos bem à vontade no mundo sinistro que inventaram para nos aniquilar.

24 de janeiro de 2010

HAARP: A BOMBA ELETROMAGNÉTICA, SEGUNDO O EXAMINER


Um artigo decisivo sobre a máquina eletromagnética de provocar terremotos e outros eventos climáticos, como furacões e tsunamis, é este , de autoria de Fred Burks, um especialista nos assuntos de inteligência do Examiner.com e ex-intérprete do Departamento de Estado do governo americano. O texto é reproduzido aqui no Diário da Fonte com tradução livre (translator, mais inglês do bom e velho ginásio). A descoberta do artigo é de Ida Duclós, que divulgou no twitter e está sendo retuitado às vezes sem o devido crédito. Tem gente que adora exibir informação sem citar de onde veio. Deve dar prestígio, sei lá.

O importante do texto é que afasta o fantasma da teoria da conspiração, tão caro à mentalidade colonizada entre nós. Basta haver um assunto sério para em uníssono o coro da idiotia exclamar “aaaaaaa, isso é besteira”. Claro que a intervenção de Hugo Chavez no debate só serviu para atrapalhar. Mas vamos deixar a letra “a” (que gera o caipirismo “ara”) e o ditadorzinho venezuelano de lado e ler algo que preste.


HAARP: ARMA SECRETA DE MODIFICAÇÃO DO TEMPO
É USADA PARA A GUERRA ELETROMAGNÉTICA?


Fred Burks

"Não são apenas teóricos da conspiração que estão preocupados com HAARP. A União Europeia chamou o projeto de uma preocupação mundial e aprovou uma resolução pedindo mais informações sobre a sua saúde e riscos ambientais. Apesar destas preocupações, funcionários HAARP insistem que o projeto não é nada mais sinistra do que um centro de investigação científica de rádio. " ( Frase de um documentário sobre HAARP pelo rede pública canadense CBC. )

Dedicado com carinho e compaixão para as muitas pessoas que sofreram e morreram no terremoto Haiti, o tsunami indonésio, eo furacão Katrina.

HAARP (High Frequency Active Auroral Research Program) é pouco conhecido, mas extremamente importante Trata-se de um programa americano de defesa militar, que gerou bastante controvérsia ao longo dos anos em determinados círculos. Embora negado por funcionários do HAARP, alguns respeitados pesquisadores dizem que a meta estabelecida pela militares EUA é de alcançar pleno domínio das capacidades de guerra eletromagnética da HAARP no ano de 2020. Outros vão tão longe como a alegação de que o HAARP pode e tem sido utilizado para a modificação do tempo, causar terremotos e maremotos, para perturbar os sistemas de comunicações globais, e muito mais.

Os principais aspectos do programa são mantidos em segredo por alegadas razões de "segurança nacional". No entanto, não há dúvida de que o HAARP e armas eletromagnéticas capazes de serem utilizados na guerra existem. Segundo o site oficial HAARP, "HAARP é um esforço científico que visa estudar as propriedades e o comportamento da ionosfera, com particular ênfase para ser capaz de entender e usar para melhorar as comunicações e sistemas de vigilância, tanto para fins civis e de defesa". A ionosfera é a camada superior delicado da nossa atmosfera que varia de cerca de 30 milhas (50 km) a 600 milhas (1.000 km) acima da superfície da Terra.

O site HAARP reconhece que os experimentos realizados utilizam freqüências eletromagnéticas , feixes a energia dirigida, a fim de "temporariamente excitar uma área limitada da ionosfera". Alguns cientistas afirmam que a intenção é perturbar essa camada sensível, o que poderá ter conseqüências desastrosas. Pesquisadores interessados HAARP como o Dr. Michel Chossudovsky, da Universidade de Otawa e do Alasca Dr. Nick Begich (filho de um congressista EUA) apresentam provas que sugerem que esses distúrbios podem mesmo causar tsunamis e terremotos.

Dois documentários da a rede canadense CBC e os outros pelo History Channel, revelam o funcionamento interno do HAARP de uma forma mais poderosa. O documentário muito bem pesquisado da CBC inclui a citação reproduzida acima neste artigo.

Um documento da União Europeia (UE), que aborda HAARP e armas eletromagnéticas similares, diz que a UE "considera o HAARP, em virtude do seu impacto de longo alcance sobre o meio ambiente, uma preocupação mundial e exige que suas implicações legais, ecológicas e éticas que devem ser examinadas por um organismo internacional independente antes de qualquer investigação e testes". Este documento afirma ainda que a UE lamenta a recusa reiterada do governo americano de enviar um representante para prestar depoimento sobre o HAARP.

Assista os primeiros minutos de documentário da CBC. Há também um trecho mais detalhado e revelador do documentário do History Channel.

Abaixo estão duas citações do documentário History Channel:

"Armas eletromagnéticas ... um pacote de soco invisível centenas de vezes mais poderoso do que a corrente elétrica de um relâmpago. Pode explodir mísseis inimigos fora do alcance, outro poderia ser usado para soldados cegos no campo de batalha, outro ainda para controlar um multidão pela queima da sua pele. Se detonada sobre uma grande cidade, uma arma eletromagnética poderia destruir toda a eletrônica em segundos. Todos eles usam a energia dirigida para criar um poderoso pulso eletromagnético. "

"A energia é dirigida como uma poderosa tecnologia que poderia ser usado para aquecer a atmosfera para transformar o clima numa arma de guerra. Imagine usar um dilúvio para destruir uma cidade ou tornados a dizimar um exército que se aproximava no deserto. O militar passou uma enorme quantidade de tempo de modificação do tempo como um conceito para ambientes de batalha. Se um pulso eletromagnético explodiu sobre a cidade, basicamente todas as coisas eletrônicos em sua casa seria seriam destruídos permanentemente. "

Para aqueles que ainda duvidam que tal devastadoras armas secretas foram desenvolvidos, aqui está uma citação intrigante de um artigo do principal jornal de Nova Zelândia: "Experimentos secretos foram realizados em tempo de guerra ao largo da costa de Auckland para aperfeiçoar uma bomba de onda, segundo revelações não oficiais.. Chefes de defesa Estados Unidos disseram que se o projeto tivesse sido concluído antes do final da guerra, ele poderia ter desempenhado um papel tão eficaz quanto a da bomba atômica. Detalhes do tsunami bomb, conhecido como Projeto Selo, estão contidos em documentos liberados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Comércio. "

Se as forças armadas secretamente desenvolveram uma arma que poderia causar um tsunami há mais de meio século, que tipo de armas mortais avançadas pode ser disponível agora? E porque é que o público ainda não sabe sobre armas secretas desenvolvidas há mais de 50 anos? Para entender por que a mídia não está cobrindo essas questões altamente crítica, clique aqui. http://www.wanttoknow.info/mediacover-up É evidente que os militares tem a capacidade de causar um tsunami, bem como a de causar terremotos e furacões. É hora de tomar medidas para difundir este tema fundamental.

No meu trabalho de intérprete no Departamento de Estado dos EUA, aprendi que os planejadores militares estão sempre interessados em desenvolver as armas mais devastadoras. No entanto, estas armas são mantidas em segredo o maior tempo possível, alegadamente por razões de segurança nacional. As muitas camadas de sigilo intenso evitam a divulgação do poder de destruição que têm sido desenvolvido ao longo dos anos. Há muitos exemplos de grandes projetos de defesa mantidos com sucesso fora dos olhos do público durante anos e mesmo décadas.

O Manhattan Project (desenvolvimento da primeira bomba atômica) é um exemplo. A construção de uma cidade inteira para apoiar o projeto em Oak Ridge, Tennessee, foi sucesso mantida em segredo até mesmo do governador do estado. É através do uso dos serviços militares de inteligência que a elite do poder do nosso mundo, trabalhando em cooperação com os aliados-chave no governo e das empresas de propriedade dos meios de comunicação, são capazes de realizar grandes operações secretas como os envolvidos com HAARP.

Alguns pesquisadores têm levantado dúvidas sobre o possível envolvimento do HAARP http://montalk.net/conspiracy/142/haarp-earthquakes-and-hurricanes em grandes catástrofes, como o terremoto no Haiti, tsunami indonésio, eo furacão Katrina. Estes poderiam ter sido experiências do HAARP que deram errado? Eles podem até ter sido causado por elementos desonestos, que ganhou o controle dessa tecnologia devastadora. Catástrofes acontecem regularmente, mas se você começar a investigação, há alguma estranheza em torno de alguns destes desastres. Com as grandes capacidades destrutivas desta arma, dúvidas importantes permanecem.

Jesse Ventura, ex-governador de Minnesota, também fez um especial sobre HAARP, que é um pouco sensacionalista, mas contém informações úteis. Você pode assistir a este especial no YouTube neste link. Para trazer à tonaeste assunto, vamos nos convencer que manter segredos pode acabar prejudicando aqueles que nos rodeiam.

RETORNO - Imagens desta edição: foto maior, vítimas do furacão Katrina; na menor, Fred Burks, autor do artigo.

23 de janeiro de 2010

AINDA O HAITI


Nei Duclós

Haiti ainda respira
Na vala comum do estouro de pedra
No grito terminal de braços e pernas
Na ligação surda do túmulo/caverna
Na fila faminta de uma nova guerra

Haiti ainda espera
Nas ruas plantadas de daninha erva
Na briga entre bandeiras sem trégua
Na milionária indústria da miséria
Na mão mentirosa do mundo estéril

Haiti ainda coopera
Sumindo anônimo pela bruta reza
Desperdício de óvulo e de esperma
Funeral de dor em campo aberto
Expressão completa da gangrena

Haiti ainda acena
Como um sinal depois da tormenta
Como porto submerso de pálido lenço
Afogado no túnel da memória zero
Trilha de choro dos perdidos da terra

Haiti ainda emperra
Pombo correio que migrou sem asas
Bússola em rodízio no convés amargo
Poema ferido na corte de náufragos
Entre amigos inúteis como o deserto

RETORNO - Escrevi este poema despertado pela ideia de Julio Monteiro Martins, da revista Sagarana, que me mandou o seguinte recado:

"Caro amigo Nei Duclós: Tendo em vista a tragédia humana e natural no Haiti, que continua a ser incorporada sob o olhar atônito do mundo, nós pensamos da poesia como um meio de expressar a dor, a denúncia ea cobrança de humanidade necessária neste momento. Assim, decidimos dedicar este sábado para os poemas que procuram expressar e revelar tudo o que a entranhas da terra está mostrando, nesta ilha do Caribe. Convidamos alguns poetas italianos, nativos ou migrantes, que contribuíram com poemas inéditos sobre o assunto. Esperamos que esta contribuição se some à multidão de vozes que estão aumentando em todo o mundo para apoiar o povo haitiano. Nós convidamos você a visitar a página que estará online até próxima sexta-feira, e, se possível para divulgar esta página para seus amigos. Obrigado,O Editor de Sagarana."


Atenção: a foto é de Carlos Barrria, da Reuters.

22 de janeiro de 2010

O BRASIL DE LUTO


Os funerais dos militares brasileiros, vítimas do terremoto do Haiti, impedem, pela gravidade do evento e em respeito aos mortos e suas famílias enlutadas, qualquer crítica leviana ao nosso envolvimento na política internacional naquele país. Uma política que deveria ser liderada pela ONU, mas, vimos agora, é capitaneada pelos Estados Unidos, que encheu as ruas da capital devastada com tanques de guerra e poderoso armamento apontado contra a população civil. O álibi é a segurança, mas sabemos que a região do Caribe, depois da “perda” de Cuba, é conflagrada pela posição que ocupa nas fuças do Império americano.

Mesmo estando o Brasil de luto, devemos dizer que o alto custo cobrado da juventude das Forças Armadas não deve ser debitado apenas à fatalidade, mas também à decisão interna de participar de uma situação de guerra sob a aparência de uma missão de paz. O papel de polícia desempenhado lá sempre foi, historicamente, rechaçado aqui. O Exército se recusou, como é notório, perseguir “escravos fujões” no final do século 19. Não assume operações policiais porque contrariam as determinações constitucionais. Não poderia, portanto, cuidar da “segurança” (ou “estabilização”, que é a palavra oficial da ONU) em país estrangeiro, mesmo que eventualmente seja convocado para segurar as pontas em momentos especiais, como aconteceu na Eco-92 e nos jogos Panamericanos no Rio.

A melhor homenagem que podemos fazer aos heróis condecorados postumamente pela presidência da República é manifestar mais uma vez a estranheza dessa decisão, já que não se pode aceitar passivamente o envio de soldados brasileiros para um lugar que não nos diz respeito, mesmo sob os argumentos de envolvimento humanitário, que é restrito a profissionais como médicos e engenheiros e não a soldados armados, por mais boas intenções que existam. Faz parte da tragédia o fato de a situação haitiana se mostrar impermeável aos esforços despendidos por lá, apesar de tanta propaganda.

O terremoto mostrou que o país continuava à deriva. Se todos os milhões em dinheiro e recursos fossem investidos antes do baque, poderíamos dizer que havia sim um esforço de paz. Mas deixado ao Deus dará, o Haiti mostrou que continuava na mesma, tendo sido empurrado para mais fundo ainda do poço quando explodiu a bomba sísmica. Tudo foi abaixo na tragédia, inclusive as propaladas “conquistas” do trabalho desenvolvido de maneira abnegada e corajosa pelas Forças Armadas brasileiras.

Não se pode permitir que o sacrifício dos militares sirva de motivo para mais envolvimento e para a reivindicação de um papel de protagonista por lá. O Brasil oferece todo tipo de problema para que cuidemos de nossas feridas e não se pode achar que temos obrigação de marcar presença num lugar onde os americanos não permitem concorrência, mesmo que a diplomacia invente as frases mais caprichadas para negar essa evidência. Temos favelões, miséria, mortes de todo tipo, inundações, tornados, tudo. Não podemos gastar lá fora, num lugar onde não somos prioritários, o que se pode colocar aqui dentro das nossas fronteiras.

A morte dos soldados brasileiros é um sinal para não insistirmos nessa política de erros. Mas para que isso aconteça é preciso que mude o governo, mude a mentalidade do Ministério da Defesa e do Itamarati, o que não é pouca coisa. Paciência. Ser voto vencido num debate, se é que existe, não significa que devemos abrir mão das nossas posições.

Honra e glória aos heróis da Pátria. E paz na diferença.

21 de janeiro de 2010

UNIVERSO BALDIO: DE REPENTE, UMA LEITURA


Lancei meu romance em 2004. Recebeu algumas críticas ótimas, mas a grande imprensa emudeceu, ajudando a criar uma barreira entre o lançamento e o público. Apesar de ser comentado por Raduan Nassar e apesar de eu ter militado décadas nas redações, estas se mostraram indiferentes. Basta o Catchorrinho fazer au-au em letra de forma para darem páginas e páginas com fotos do autor e do livro, com generosas resenhas e espaços de entrevistas, enquanto nem sequer dizem que Universo Baldio está na praça. Mas não importa. O texto a seguir é de um jovem professor de Porto Alegre e muito me honra sua leitura e observações. Atenção: o texto a seguir não é meu, é do professor Lucas! (ponho esse aviso porque acabam sempre confundindo).

DO CERCO À PERDIÇÃO

Lucas de Melo Bonez (*)

"Sempre escutamos histórias sobre como a ditadura foi complicada para a massa que queria a democracia para o país. Repressão, prisão, humilhação. Um país afogado em dívidas e um povo afogando as próprias palavras. Na literatura, houve muito destaque pra isso.

Há um bom tempo atrás, apresentei um trabalho no Seminário de Crítica Literária, na PUCRS, que tratava sobre o assunto, mais especificamente sobre a questão do herói degradado nessa época. Meu objeto de análise foi um livrinho do Arnaldo Campos, bem curtinho, chamado Réquiem para um burocrata. O enredo relata sobre um funcionário público que, no auge da ditadura, é convocado a prestar depoimento na polícia. Não sabe o real motivo, mas sua paranoia se perpetua no decorrer da narrativa, graças a uma singela presença numa roda de subversivos, numa dada noite. Com medo de que os militares descobrissem, ele evita falar no assunto, a presença de pessoas suspeitas, sua própria família. Lembra, com muito carinho, apenas da Princesa, sua cadela que falecera há pouco. Perdido em memórias e traído pelo destino, entrega-se à loucura, perdendo todo o senso da realidade. Resultado de uma sociedade opressora e mal regida.

Li ontem Universo baldio, do Nei Duclós, e me lembrei disso. O enredo também gira em torno da ditadura, mas sobre um grupo que fugiu de Porto Alegre e tenta a vida na praia de Itaguaçu, praticamente inóspita, em Santa Catarina. Alguns drogados, outros apenas desempregados, ainda os bitolados. Não havia uma alma que fosse trabalhador comum, que se contentasse com a situação. Alguns até o eram, mas pareciam mais invadidos pelos entorpecentes e acabavam assim. Luís, o protagonista, perde-se em viagens interiores, levando-o de encontro a Honório de Lemos, general gaúcho revolucionário, que o guiará de volta a sua vida.

O enredo parece muito aéreo, contudo traz representações significativas para quem lê: a questão do encontro consigo, o qual muitos já perderam o caminho, mas que Luís acabará trazendo à tona. Um dia, nos fins de 1960, um revolucionário, um lutador contra a repressão; poucos anos depois, um drogado que pedia esmolas e fazia poucos serviços em Itaguaçu; deixara faculdade da UFRGS para viver de música; queria ser escritor, mas mal colocava palavras num guardanapo. Quem era Luís afinal? Quem ele queria ser? Em quem ele se tornou? O livro discute esses aspectos e relança o personagem na sociedade, já sem repressão, sem domar suas ideias, que agora já não mais serviam.

Comprei esse livro numa loja de 1,99. Já me valeu bem mais do que paguei. Partir dessa obra para reflexão sobre quem somos também vale como possibilidade. Afinal, não adianta apenas nos questionarmos constantemente sobre isso se nem conhecemos realidade alheias, sejam essas reais ou literárias."

(*) Professor de Língua Portuguesa e Literatura, Mestre em Teoria da Literatura (PUCRS/2008), Especialista em Literatura Brasileira (PUCRS/2005) e Infanto-Juvenil (PUCRS/2006), graduado em Letras (Unilasalle/2004). Atualmente cursa Ciências Sociais (UFRGS/2009)

RETORNO – Coloquei lá o seguinte comentário: R$ 1,99? É duro não ser um líder (de vendas). Mas o que é importa é que o livro, lançado em 2001 pela W11/Francis, boicotado pela grande imprensa onde trabalhei por décadas, chega sempre ao seu destino, à leitura qualificada que produz observações tão certeiras e estimulantes como as que leio aqui. Obrigado.

Ao que o professor Lucas respondeu:


Aurora privilegiada

Lucas de Melo Bonez

"Quando leciono argumentação aos meus gloriosos educandos, digo que existe uma forma de convencimento que é baseada em pessoas reconhecidas pela sociedade, aceitas pelo grande público. Ao citarmos Aristóteles, Rousseau, Roosevelt, Saramago, até o nosso presidente Lula (!), podemos esclarecer certos pontos de vista e ideias sobre determinados assuntos.

Hoje, acordei, vim ler meu blog, e me senti um privilegiado. Ontem, tratei um pouco sobre textos referentes à ditadura e expus um pouco sobre o Universo baldio, do Nei Duclós. Eis que, ao ver que havia comentários sobre o texto, descubro que são do próprio autor. Ainda bem que leio os vivos, para que possam um dia ver o que falam a respeito deles. Tudo bem que alguns nunca lerão que escrevo aqui - vide Saramago -, entretanto notei um ar de louvor ao ler um pouco mais do autor de minha última leitura.

Sobre a argumentação: quem sou eu pra tecer maiores comentários quando um renomado escritor diz que seu blog tem algum conteúdo útil a ser lido?"

20 de janeiro de 2010

A GUERRA DO CLIMA



Nei Duclós

Rola intenso debate sobre a máquina de fazer terremotos. Há documentos oficiais revelando pactos entre países para não usar as armas climáticas. Mas a adesão do presidente Chavez a uma evidência cada vez mais comentada serviu para uma regressão do tema. O fantasma da teoria da conspiração reassumiu no momento em que a idiotia se serviu das informações para pregar ideologia. Ao mesmo tempo, serve de mote para programas jornalísticos.

Volta-se a gargalhar da suspeita de que alguns impérios do Mal estariam jogando tsunamis, borrascas e nevascas em cima de países indefesos. Não importa. O assunto ganha status de preocupação mundial na medida em que os exageros das catástrofes deixam de ter o aspecto natural e assumem a cara sinistra de um projeto militar, que hoje não se confinaria aos Estados Unidos, mas incluiria outros países, como a China (claro).

Como o Google está cheio de ocorrências, não vou elencar argumentos ou motivos. Apenas fazer uma pergunta: por que não inventam a máquina de fazer tempo bom? Não cola a desculpa de que essa era a intenção inicial, a cargo de cidadãos civilizados e que tudo foi desvirtuado por departamentos secretos das forças armadas imperiais.

O objetivo foi sempre derrotar o inimigo, seja ele qual for. Se existe a possibilidade de carregar um cumulus nimbus e fazê-lo despencar no Saara, não seria para semear no deserto, mas para provocar uma boa tempestade de areia sobre os infiéis. Se houvesse coração nos guardiões das bombas magnéticas de última geração, o que não há, a história seria diferente.

Vamos imaginar poderosas antenas reunidas num lugar remoto do Alaska que, em vez de bombardear, emitiria sinais amigáveis para a ionosfera. Teríamos, em vez de Katrinas, uma onda de temperaturas estáveis no nível do paraíso, aí pelos 22 graus.

Seria complicado. Os cientistas do Bem sofreriam de ansiedade, no afã de mostrar serviço e apagar a mancha desta fase sinistra de calamidades planetárias. Sentindo remorso por terem colocado a culpa no aquecimento global, poderiam, sem querer, provocar a primavera nas tundras geladas. Isso deixaria os caçadores coletores ferozes, pois as súbitas flores tomando conta dos arcos e das flechas iriam despertar uma erupção de poetas românticos, para escândalo dos devoradores de renas selvagens. Imprecações e ranger de dentes se levantariam contra a tecnologia no momento em que os novos vates se reunissem para um recital.

Ou então vamos imaginar um magnífico céu azul em plena temporada que deveria ser nublada e abaixo de zero no Hemisfério Norte. Seria o fim do inverno e de Santa Claus. Não haveria clima para uma árvore de Natal gigantesca e digital. Daria praia em Chicago, lugar onde, pelo menos no cinema, nunca fez sol. Manhattan seria a Ilha da Magia, um pedacinho de terra perdido no mar, e ficaria coalhada de argentinos.

A vantagem é que os verões não exibiriam o espetáculo de turistas varridos pela chuva. O aguaceiro ficaria confinado a datas medíocres: o Dia do Selo (a umidade ajudaria o hobby, que depende dela para dissolver a cola) ou o aniversário da milésima eleição do Chavez.

Talvez o truque seja inverter o rumo do riso. No lugar de acharmos graça dos que acreditam em armas climáticas (só o presidente venezuelano continuaria na lista), poderíamos todos rir dos seus técnicos de araque e do que eles fazem dentro de suas calças sujas. Os poderosos que vivem nas ruínas da ética contam com o terror que provocam. Mas tremem diante de quem não acredita que sejam sérios. Essa força coletiva tem chance de desarmá-los de verdade.

RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.

19 de janeiro de 2010

CONTEÚDO


Nei Duclós (*)

Há uma febre de conteúdo. É mania nova, já que, antes dela, a palavra estava confinada à água de um copo. Era ensinado na escola: o copo era o continente. É um paradoxo, pois a internet praticamente não tem forma e o conteúdo vaza por todos os lados, não há continente que agüente. É que o uso de determinados termos define a identidade de um trecho de tempo, às vezes de uma época inteira. No futuro, esse início de século será conhecido como a Década do Conteúdo.


Sugere organização, racionalidade, bem ao contrário dos Loucos Anos 1920 ou 1960, ou da Grande Depressão, ou da Guerra Fria. Estudantes de 2050 se debruçarão sobre nós para confirmar o quanto nos esforçamos para gerar e gerenciar a infinidade de dados que tomou conta de vidas privadas e coletivas. Será uma curiosidade, pois descobrirão que tudo não passava de novidade, já que, por vocação, sabemos quase nada e pouco avançamos em qualquer ramo do conhecimento. Isso não vai mudar, senão teríamos abandonado a leitura dos clássicos.

Haverá também o espanto diante da nossa atual necessidade de fazer tabula rasa de tudo, demonstrando, por assustadores protótipos de invenções cada vez mais ousadas, o surto radical de transformações a que, aparentemente, estamos sendo submetidos, como computadores com a estrutura e o tamanho de um pingo de chuva, cabines de teletransporte para evitar enchentes e livros que ao serem publicados já chegam lidos. Quando os jovens do futuro souberem que embarcamos nessa canoa furada, poderão rir, já que fatalmente continuarão pegando trem para ir à aula.

Vamos um dia perder essa síndrome de ultrapassagens, esse pânico diante do passado, essa vontade de sair da casca que nos gerou. Não nos importaremos mais em sermos chamados de antigos, nem vamos nos esforçar para provar que a juventude é um estado de espírito. Teremos então nos livrado da onda terrível que varre o mapa desde o momento em que descobriram o quanto poderiam lucrar se as pessoas tentassem manter as aparências, enquanto a natureza seguia seu rumo.

Também, espero, nos livraremos da postura compreensiva dos que fingem se preocupar com os mais velhos. Idade deixará de ser virtude e isso sim será um avanço real de conteúdo.

RETORNO - 1.(*) Crônica publicada nesta terça-feira, dia 19 de janeiro de 2010, no caderno Variedades, do Diário Catarinense. 2. Imagem desta edição: tirei daqui.

UM DIA DE VERÃO


Nei Duclós

É preciso que haja um forro de céu azul com consistência de veludo
Para servir de base ao caminho percorrido pela luz

Sobre ela se assenta a brisa quase imperceptível de janeiro
Que mal toca na folhagem, em frondosa expectativa

Que a evolução do dia obedeça aos princípios sagrados da aurora
Que prometeu e cumpre um roteiro seguro até o entardecer

Que haja sereias e seus inúmeros papéis de celofane roçando ondas
Com formas improvisadas de banho imitando gaivotas

Que a areia nos receba com a consistência de cereais colhidos na lua
E haja alguma sombra, de castanheiras nativas em forma de telhados

Para que possamos estender o corpo sobre a superfície lisa do tempo
A que não nos decepciona com sua sementeira de espantos

E que o poema seja leve diante do horizonte visto da montanha
E da majestade de diamante imposta pela estação da esperança

Porque um dia de verão de verdade é obra de muitos acasos
Que confluem como um delta submerso e que de repente ressurge

No momento incerto em que estávamos perdendo a embocadura
E nos convencíamos que o universo tinha desistido de nós

Que venha o dia do verão depois da exibição tardia do arco-íris
E nos salve ao jogar no mar a pele acostumada às cicatrizes

Essa abóbada de amor que toma conta dos quadrantes e depois some
É uma advertência contra nossa eterna vontade de fugir

Entregue-se para a manifestação de gala da natureza ainda viva
Baile onde os pares são os sentimentos cultivados num sorriso

Dance meu amor na festa inesperada e perca-se de tanta ventura
Porque o verão passa como um bloco de rua despertando o paraíso

RETORNO - Imagem para este poema: foto de Juliana Duclós.

17 de janeiro de 2010

ARCO-ÍRIS EM INGLESES


Final de domingo, o sinal da aliança divina com os homens aparece explícita, na sua forma clássica. Bom momento para Juliana Duclós tirar uma foto do arco-íris sobre nossa rua. E também apara anunciar o belo projeto de Ricardo Silvestrin, que inaugura comigo seus Diálogos com os poetas em seu blog Poesia Alheia. Momento de alianças, pontes, reconhecimentos, identificações, tréguas. Uma chance à bonança, depois de tantos contratempos e diante de tantos conflitos.

O CERCO DO SISTEMA


O terremoto zera o país em ruinas e os EUA se impõem como donos do pedaço, dominando o aeroporto e a ajuda internacional (com esses desastre político, Hillary Clinton, no comando); Zilda Arns morre e os funerais servem para os blogs de direita atacarem a esquerda, como se um evento tivesse a ver com o outro; o sistema providencia o Mal e seu antídoto para fazer as cabeças que se consideram independentes; Haiti, Direitos Humanos, mídia, ideologia: neste fim-de-semana, me dediquei a tuitar bastante sobre alguns assuntos candentes. O resultado, selecionado, está abaixo, com a reprodução das frases como aparecem no Twitter, ou seja, os mais recentes antes.

Para uma cidadania bem formada e segura, pegaria muito mal a demagogia patrioteira. Um povo encarcerado atura a falsidade

Uma cidadania afastada da idéia de Pátria é ideal para um sistema que usa os simbolos nacionais para fazer publicidade caríssima

Se você falar isso é chamado de patrioteiro. O desamor à Patria faz com que o sistema se aproprie do patriotismo para usá-lo em seu proveito

O Brasil é obra do seu povo,que expulsou todos os estrangeiros e conquistou um quinto do planeta.Mas isso nem é considerado pelo anti-Brasil

A campanha do Mal mais bem sucedida é a de que o Brasil não presta e é obra da bandidagem nefasta de um povo que jamais lutou

O pior é que essa argumentação está implantada dentro dos cidadãos, que defendem seus algozes sem saber. Sinuca: a cultura está sob controle

Com a cidadania analfabeta, o privilégio pode fazer o que quiser. O espírito desarmado fica à mercê da argumentação bem fundamentada do Mal

A falta de educação é estratégia do sistema.Sucatearam a educação brasileira,acabaram com a formação do cidadão e culpam o povo

O sistema gera Maluf e Martha, gera corrupção e o caçador de marajás, gera a elite bandida e o operário fake. Não há espaço para a liberdade

O espírito livre sempre será alvo da calúnia, pois os demagogos já ocuparam a vaga de voz independente. O sistema gera o Mal e seu antídoto

O espírito livre deve quebrar as conexões amarradas pelos interesses e poderes, e expor as vísceras do processo. É uma postura perigosa

Essa tabula rasa da percepção coletiva é terreno fértil para o pânico disseminado pela direita escravista, políticos demagogos e justiceiros

Somos assim acostumados a pensar como nos é projetado desde a infância. Repetimos certezas achando que estamos sendo originais.

A comunicação a serviço dos privilégios impõe uma percepção da realidade dizendo que essa represetnação faz parte da natureza das coisas

Tente tratar mal alguém que trabalha para você para ver o que é bom para tosse.Na TV, a canga é reiterada todos os dias via "entretenimento"

É uma postura imposta, que fortalece os papéis sociais ideais de mando e subserviência. Na vida real há insurgência

A tragédia do Haiti extrapola. A demagogia chorosa da cobertura da mídia não mascara mais o horror do estrago nem a ineficácia da ajuda

Despossuídos são chamados de "essa gente" pelos seguradores de microfone, que expressam a certeza de que pobre contamina

Reiteração de papéis sociais:em todas as novelas,há sempre uma empregada doméstica uniformizada sendo expulsa da sala aos berros pela patroa

Colocar a culpa na vítima faz parte da perversidade que atingiu a sociedade de privilégios no Brasil,onde direito humano é considerado crime

Morrem centenas de milhares nas estradas brasileiras. A culpa é dos motoristas ou das fábricas, estradas, fiscalização, corrupção etc.?

A indústria de auto-ajuda terceiriza tudo para os indivíduos, enquanto governos omissos, produtos invasivos, políticas financeiras se safam

O aconselhamento que prega sermos responsaveis por tudo é sob medida para governos que cometem crimes e colocam a culpa na população

"Que partido de oposição não lançou a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante de comunista?"(Marx) Parece escrito hoje

"Napoleão criou na França as condições sem as quais não seria possível desenvolver a livre concorrência".O que é hj lugar comum,vem de Marx

A obra fundamental de Marx não pode estar a serviço do marxismo,que o próprio Marx execrava.Nem deve servir de repasto para o neiolacerdismo

"A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos". http://bit.ly/zARQf

"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade" Karl Marx http://bit.ly/zARQf
Com o Haiti zerado, os EUA impõe o ritmo dos salvamentos e reconstrução. Tudo está perto demais de Cuba.

A manipulação da morte de ZA para objetivos políticos é execrável. Que jornalismo é esse? Usar Zilda Arns na briga ideológica não deveria ter repercussão entre pessoas de bem.Quantas vezes RA falou de ZA antes do Haiti?

Direitos Humanos que pega é o uso político da lei, não suas boas ou más intenções. Nem vilania nem inocênciapragmatismo

Repetir até a exaustão a frase de Nelson Rodrigues "toda unanimidade é burra" é virar alvo da critica feita por ele. Até quando?

I´m always wright. That´s why I´m a writer (kidding, fellows!).

RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.

16 de janeiro de 2010

COISAS QUE EU NÃO SEI DO QUE SE TRATA


Existem inúmeros apelos, recorrentes, que pipocam na minha tela e eu não tenha a menor noção do que seja. Todos poderão dizer: ah, isso. Para mim, é grego. WTF?

BAIXAR TOQUES DO CELULAR - Deve ser assim: você pega um toque, seja isso o que for, do celular, e faz um zifio para ele baixar. Quando ele baixa, você parte para outro toque, e assim sucessivamente. Meu problema é saber quando parar. Se você começa a baixar, para não ficar totalmente tocado, deve ter um limite. Isso talvez nos torne impermeáveis aos chatos que chegam para dizer que vão te dar um toque.

JOGAR COLHEITA FELIZ – No Orkut, as pessoas vivem jogando Colheita Feliz. Do que será que se trata? Ficam suando na lavoura enquanto cantam? Entram na plantation transgênica e ficam felizes com o efeito dos agrotóxicos? Ou a transgenia evita a agrotoxia? Mesmo com esses contratempos, acho que ninguém deve ter medo de ser feliz.

DEIXAR O WINDOWS 7 AINDA MAIS LEGAL - Não sei o que é Windows 7, para mim Windows é um só e desconheço a possibilidade de torná-lo mais legal. Nunca tentei. Deve ser vírus. Tenho medo de clicar e aparecer alguma celebridade fake querendo me enganar. É difícil identificar o Sr. Abobrinha do Sr. Abobrinha Linha. Isso está dando um rolo.

CRIAR UM FILTRO - Com o fim dos cigarros sem filtro, fico imaginando a capacidade de a indústria criar novos filtros. E o pior, me convocar para isso. Lembro dos filtros de máquinas fotográficas antigas. Era uma redoma amarela ou magenta, que filtrava raios e tornava tudo mais ou menos num clima de 1920. Será algo assim?

VISITAR A FAVELA PACIFICADA - Caindo aos pedaços e no meio da sujeira, pessoas e barracos recebem alegremente a visita de famílias de atores australianos, equipes completas de novelas, entre outros babados. Virou atração turística depois que foi “pacificada”. Antes recebiam todo mundo a bala. Hoje alguém recebe em dólares e mantém a coisa como está, senão acaba o turismo.

USENET – Ferramenta exclusiva dos pioneiros, não tenho a menor idéia como usa, entra nela e fica por lá, perdido ou encontrando seus pares, todos confinados em espaços virtuais obsoletos, mas ainda atuantes, guerrilhando contra todas as novidades, como microblogs de grande sucesso ou mídias sociais cada vez mais imprestáveis.

RETORNO - Imagem desta edição: cena de 2001, Uma Odisséia no Espaço.

15 de janeiro de 2010

QUERO UM SORRISO: POESIA, MÚSICA E DANÇA



Meu poema "Quero um sorriso", musicado e aqui interpetado por Mutuca Weyracuh e magnífica banda, ganhou um video produzido por Juliana Duclós, usando imagens de Ana Pavovla. Mutuca (vocal), Jaime Pieta (guitarra), Luciano Leães (teclados), Luciano Albo (baixo), Vasco Piva (sax tenor) e Paulo Arcari (bateria) nos trazem esse poema que tanto sucesso faz na internet depois que a revista Caras, em novembro, publicou os primeiros versos em destaque. E que desde os anos 70 existe para aproximar as pessoas.

QUERO UM SORRISO

Nei Duclós

Quero um sorriso
que dure uma quadra
e dobre a esquina
a iluminar-me

uma lágrima
sem consolo
que traga um soluço
de dez minutos

um corpo que aperte
com fogo de inferno
uma dor que desperte
um ruído que abra

Qualquer coisa forte
que rasgue"

14 de janeiro de 2010

SAGARANA DE CARA NOVA



Julio Monteiro Martins anuncia mais uma edição da melhor revista cultural do mundo.

"É com satisfação que anunciamos a presença on-line, a partir de hoje, do n° 38 da revista Sagarana, em língua italiana, no endereço telemático www.sagarana.net .

Este número inaugura o novo projeto gráfico da revista, mais essencial e elegante e com mais conteúdo inédito. Esta edição apresenta uma entrevista exclusiva para Sagarana di poeta americano Billy Collins, um artigo sobre o romance e o gênero ensaio de Zadie Smith, um texto sobre a história da literatura brasileira como busca de identidade, um outro sobre o Berlusconismo e a “excessão italiana”, uma tradução inédita de um texto autobiográfico de Allan Ginsberg, um artigo de Leandro Konder sobre os estudos marxistas no Brasil hoje, além de um ensaio e um trecho de um romance de Herta Müller, prêmio Nobel de 2009.

Em Narrativa são presentes uma tradução inédita de um conto de Rubem Fonseca, trechos de Thomas Mann, Luis Bernardo Honwana, Ayla Kutlu, Elsa Morante, Antônio Callado, além daqueles, também inéditos, de autores contemporâneos como Pina Piccolo, Cristhiano Aguiar, Arben Dedja e Alessandro Angeli .

Em Poesia, além de traduções inéditas de Paul Polanski, Caetano Veloso, Ambar Past, Dennis Brutus, Manuel Bandeira, Philip Lamantia e Torquato Neto, apresentamos aquelas dos poetas mais recentes Maria Gillan, Raphael d’Abdon, Katia Sebastiani e Walter Valeri. E estão presentes também os contos e as poesias de autores novíssimos na seção Vento Nuovo.

Neste mesmo endereço telemático poderão encontrar a seção Il Direttore atualizada, com o conto inédito Edifício Canadá, de Julio Monteiro Martins, e na seção Scuola todas as informações sobre os projetos da Scuola Sagarana para o 2010, em Pistóia, na Itália. Ademais, na seção Archivi, estão disponíveis para leitura todos os números anteriores da revista e todas as "Lavagne del Sabato" publicadas até hoje em Sagarana.

Esperamos que os os ensaios, os contos, as poesias e os trechos de romances selezionados possam oferecer-lhes muitas horas de agradável leitura.

Cordialmente,

A Redação de Sagarana"

RETORNO - Imagem desta edição: ilustração para a matéria principal da nova edição de Sagarana, sobre a escritora inglesa Zadie Smith.

A VIDA PERGUNTA ÁGUA


Nei Duclós

A vida pergunta água
a dor responde fuligem

O cal endurece as mãos
Num corredor de gatilhos

Todo espelho se quebra
ninguém é reconhecido

O Mal não suporta a sombra
que lhe faz o seu carisma

A ligação cai no colo
O poema lança o grito

Se a fala esqueceu a boca
nossas artérias se abriram

A morte pergunta fogo
Nós respondemos abrigo

Um teto bem mais acima
Dos pés que jamais fugiram

Que não desabe a parede
Nas costas desse conflito

A vida pergunta Sérgio
Todos respondem perigo

RETORNO - Primeiro de uma série de poemas em homenagem a Sérgio Vieira de Mello, que morreu sob os escombros da representação da ONU no Iraque. Faz parte do meu livro inédito Partimos de Manhã. Uma forma de homenagear os que morrem em países distantes por um ideal, independente da opinião que temos das estratégias internacionais de paz.

13 de janeiro de 2010

RUM


Nei Duclós

Você acorda com Deus
dormindo à sua porta

Você amarga a pálida
cor do corpo em brasa

Você afaga o rugir
do rum em sua boca

Quem é você? solidão
numa ilha sem sossego

piano em queda sobre
a sombra de alguém

dormindo, indiferente
no portal da casa

RETORNO – 1. Mais um poema do livro inédito Partimos de Manhã. 2. Imagem desta edição: tirei daqui.

O HAITI ESTÁ POR TODA PARTE



Vimos recentemente em Copenhague os países gastarem milhões num encontro pífio, para discutir se vão diminuir em merreca por cento as emissões de gás venenoso até 3.050. Agora que o Haiti está aos pedaços, com cenas que parecem a rotina brasileira de destruição provocada pelas enchentes, com idênticas quedas de barracos em morros e gente desesperada chorando, os estadistas pedem “orações” para o que é considerado uma fatalidade. Quem pede orações é o povo, os estadistas deveriam agir.

É um crime que ainda o mundo mantenha apenas organizações humanitárias como a Cruz Vermelha quando deveria ter em prontidão forças internacionais especializadas em catástrofes, não apenas para socorrer vítimas, mas para colocar a casa em ordem e isso inclui todas as engenharias, da ambiental à habitacional. Forças que no segundo seguinte ao terremoto possam se deslocar sem burocracia, celeremente, para o epicentro da tragédia e organize o caos, em vez de ficar dependendo de celulares e twitter para saber o que se passa e só então, depois de oferecer ajuda, chegue com seus cães amestrados para farejar cadáveres.

Passou da hora, inclusive, de reformular todos os conceitos obsoletos de moradias. Até quando veremos o concreto matando em terremotos? Até o ano 3050? Qual seria a solução? Sei lá. Para que servem os cientistas, os técnicos, os especialistas? Para que servem os políticos, os conselheiros, a sociedade civil ou militar? No meio do pesadelo haitiano, já existem quatro militares brasileiros mortos por lá. Os 1.300 soldados nossos que estão lá para "manter a paz" correm risco ou correram risco de vida.

Um parêntese: risco de vida é resultado de uma elipse. Vem de “risco de morrer” ou “risco de perder a vida” ou, por elipse, “risco de vida”. A elipse é uma figura de linguagem, mas como não existe mais ensino da gramática, apenas aplicações de regras sem-vergonhas do acordo ortográfico, então temos de aturar os seguradores de microfones falando em risco de morte, que por elipse seria “risco de perder a morte”, o que é uma asneira e um contrasenso.

Falando em tragédia, vivemos um momento complicado no Brasil. O petismo, a esquerda que a direita gosta, acaba de dar munição para a ressurreição do lacerdismo, aquela paranóia política sacana e vivandeira de quartel que acusa as oposição de “comunizar o Brasil”. Recebi um e-mail anônimo e desaforado me ameaçando, dizendo que o Lula iria calar minha boca e nem blog mais eu teria devido ao famigerado decreto dos Direitos Humanos. Pouco me importa, vivi sob censura a vida inteira. Decidi abrir a boca, mas agora todos resolveram gritar, então tenho me calado, o ruído está muito intenso.

Na maré alta da sacanagem pontifica essa figura fake do blogueiro de ultra-direita, que escreve o que a exaustão popular quer ouvir. É o velho canto de sereia. Trata-se de um sujeito sinistro e perigoso que se dedica 24 horas por dia para atacar fantasmas e gerar um clima de terror, uma postura historicamente comprovada que deságua em ditaduras, como aconteceu em 1964. É o novo Boris Casoy. Todos adoram até descobrir algum esqueleto carnoso no armário.

Soube da história de um deles quando o agora festejado escriba trabalhava numa editora alternativa, antes de um monopólio devorar a publicação e assim impedir que surgisse um novo concorrente. O diretor de redação foi demitido depois de uma onda de calúnias originada dentro da empresa. No seu lugar, entrou alguém que gozava de confiança do diretor demitido. O próprio.

Portanto, leia com atenção, antes de se identificar com a algaravia da sedução ultra-direitista. O petismo deve ser apeado do poder por meio de eleições limpas e não por acusações de comunização e outras asneiras. No dia em que o PT tiver comunistas, a TFP terá trotskistas.

RETORNO - Imagens desta edição: na primeira, a menina no terremoto do Haiti; na de baixo, a menina nas enchentes do Brasil.