18 de julho de 2011

COPA AMÉRICA 2011: A ORIGEM ESPÚRIA DA DERROTA


Representar o país é a única coisa legítima da atual seleção brasileira. O resto é espúrio, a começar pela sua origem, já que ela foi convocada a partir do ódio ao Dunga, alimentado pela Rede Globo, contrariada em seus hábitos de invadir a concentração para fazer matéria. Dunga se recusou e a briga gerada pelo evento desestabilizou o Brasil em plena Copa da África. Perdemos em função desse conflito, já que o time vinha bem, estava classificado, era vencedor, ganhou a Copa América, ficou em primeiro lugar nas eliminatórias, ocupava o topo do ranking da Fifa. A madame do Jornal Nacional quis entrar nos aposentos dos jogadores e foi barrada e por isso se vingou.

Faz parte dessa origem espúria a intenção de pintar o atual selecionado como uma resposta às escalações do Dunga, que não convocou os emergentes, na época, Ganso e Neymar, pois isso iria quebrar a forte estrutura montada ao longo de quatro anos de trabalho. Houve grita geral da imprensa, da mídia em geral e de muitos torcedores, mas Dunga estava certo. Neymar e Ganso são, como Messi, jogadores medianos, com alguns lances ótimos, mas fica nisso. É preciso trabalhar o talento, principalmente tirando-lhe a máscara, enquadrando-o num espírito de equipe e barrando a pressão da vaidade fomentada pela indústria do espetáculo. Um jogador não pode gastar os tubos para aparar penacho e chegar em campo e fazer quase nada.

Futebol é como cinema ou jornalismo. Há o exercício autoral da profissão, mas é um trabalho de equipe. Nada se faz sozinho. Mas a indústria financeira (a seleção é patrocinada por bancos), que é vaso comunicante da indústria de espetáculo, carrega no ego como se o jogo fosse composto apenas por protagonistas e não por conjuntos bem articulados e em sintonia fina. Vimos o que é o Messi na seleção, que não é um time: não faz nada. Ou Fred, que brilha no Fluminense, que é um time, e ficou perdido na Copa, ainda mais porque esquentou banco demais e só foi colocado nos últimos minutos.

Não vou entrar no mérito dos jogadores, já que todos jogaram mal contra o Paraguai, contrariando assim as análises da Globo, que achou que jogaram bem, só faltou gol. Se faltou gol numa partida decisiva é porque não jogaram bem, não foram objetivos, implodiram nas jogadas individuais, nos passes multiplicados por um milhão até dentro da área. Ninguém tinha peito para bater em gol e quando faziam, como Ramires, jogavam nos eucaliptos (o velho limites dos antigos estádios da várzea). E jogaram mal porque a seleção tem também outra origem espúria: é comandada pelos empresários do futebol, os que vendem craque no nascedouro até para o Pólo Norte, pelos anunciantes, que colocam propaganda até na bunda dos jogadores, e pelo monopólio das transmissões, capitaneada por alguém que foi execrado pela opinião pública recentemente nas mídias sociais.

Fazendo um balanço: você monta um time pretensamente de “arte”, com jogadores valorizados pelo empresarismo predatório, à mercê da avalanche de anunciantes trilionários e de madames ou coronéis da mídia e coloca em campo mascarados de gola alta, metidos a besta, hipercraques antes do tempo e não consegue ganhar nem da Venezuela, que ficava na rabeira e hoje está classificada. Somos piores hoje do que a Venezuela, já que ela se classificou, nós não. Ou você faz como o Dunga, que manda na escalação e peita a Globo, ou como o Felipão, que criou uma barreira contra a frescurada da imprensa, ou dança como o Mano Menezes, que está na mão da televisão.

Sem dúvida que o excesso de areia, armadilha argentino-paraguaia, interferiu nos pênaltis perdidos, mas os paraguaios conseguiram marcar, pois não? Então a areia não pode ser estrangeira, é isenta, prejudica ambos. O que houve foi quebra do salto. A máscara caiu, mas em vão. Mano Menezes continua, Ricardo Teixeira continua, o banco mais sustentável de todos os universos continua. Temos a sorte de sermos sede da próxima Copa do Mundo pois não nos classificaríamos desta vez (e do jeito que está, corremos o risco de nem ir para as quartas de final).

O Brasil precisa parar de exportar craques e importar máscara. Precisa forttalecer seus clubes, verdadeiras escolas de futebol brasileiro e não deixar que a meninada vá aprender o futebol estrangeiro. Fizemos escola, brilhamos e depois, por ganância, fechamos. Matamos a galinha dos ovos de ouro. Nem aprendemos as lições de fábulas conhecidas. Nossa tragédia continuará se não mudarmos radicalmente.



RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.

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