26 de agosto de 2011

SEREIA É SEMPRE MULHER


Nei Duclós

Sereia é sempre mulher
escamas de amor perfeito
voz jogada no convés
anzol em busca do eleito

Enredo liso de peixe
fim de linha numa rede
respiro de olhar mortiço
artimanhas da aparência

Basta um segundo perto
para cair em seu leito
o mar, mergulho sem volta
bacanal de cama estreita

onde só cabe os amantes
trespassados de retoço
flora perdida de Atlântida
rodízio extremo de gozo

Sereia, que seja mulher
que todos temem a bordo
assim Netuno descansa
na sua faina de assombros

E se acaso um marujo
surdo pegá-la no jeito
o capitão casa os pombos
o que no fim dá no mesmo



RETORNO - Imagem desta edição: Nascimento de Vênus (detalhe), de Boticelli.

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