16 de setembro de 2011

TOURO


Nei Duclós


Não meço meu amor por latifúndio
nem meu estro por verso alexandrino
sou do passado, quando havia adubo
para o beijo parido no deserto

Sim, é soneto a minha voz a prumo
gosto do molde de material bruto
crivado de pepitas e do esturro
da fera que me habita e faz barulho

Não me diga o que devo ter escrito
porque na hora em que parti no escuro
ninguém me dava armadura e montaria

Cavaleiro, galante como um touro
invisto nos saraus que descortinam
meu assombro cruzado pelo esporro


RETORNO - Imagem desta edição: Tourada, de Picasso.

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