26 de janeiro de 2012

CIDADE TRÊMULA


Nei Duclós

São Paulo, meu amor.
A cidade que me inventou.
A que existe à revelia de toda ilusão
e por isso nos obriga a sonhá-la.

A que conheci dourada na sua espinha dorsal,
que vai do Paraíso até os confins do Sertão.
Lá vivi mais de uma vida. Quem pagará essa dívida?
Nada e ninguém.

És acima de tudo o que é humano. És criação violenta
num ninho de migrações e cinzas.
Gigante, criança, diária e noturna,
carregas teus rios mortos com teu amor bruto de mãe.

Teu ruído atordoa a nação silenciosa.
És um grito, São Paulo
e sou teu dedicado habitante,
viva onde viver.

Não tens limites. Nada te decifra.
Desistimos de te compreender, visgo sem sentido
e por isso te amamos o amor sem esperança.
Estás em mim como um casulo trêmulo num tufão

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