7 de março de 2012

LÍQUENS


Nei Duclós

É líquido o toque em tua superfície
que de longe tem postura de ametista
brilho da mina transfigurando o lago
descoberta de peixes onde havia vidro

Mergulho é possível desde que consintas
teu andar tem ritmo de obra inacabada
cachoeira de véu casando com o vento
desmanche de sonho no colo da miragem

Ilusão perigosa do vime feito carne
cardume na bateia com desaforos de fada
gota do orvalho como relevo de pedra

Granito vencido por substância misteriosa
és piso de azulejo nos mapas do deserto
navio de mar espesso que sabe ser suave


RETORNO – Imagem desta edição: Allyssa Miller.

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