6 de março de 2012

SARJETA


Nei Duclós

Não quero fazer parte da sobrevivência
ser identificado com os anos por dentro
que por algum truque viraram cânone
eu que fiquei de fora e continuo sendo

Não é memória o que estão lendo
é uma Lua cheia de qualquer tempo
uma bata branca alinhada com grega
uma calça amarela surrada de seda

Não era esse brilho de antigamente
que grudaria em nós, tão up-to-date
nossa nave ainda fatura o futuro

Estou no caminho, não me constranja
construo a sarjeta de uma antologia
acervo de espinhos na floresta negra


RETORNO – Imagem desta edição: foto de Regina Agrella. Tirei daqui.

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