18 de maio de 2012

LONJURA


Nei Duclós

Sou teu amor, lonjura. Percorri o Tempo de pés descalços. E te encontro no regaço da aventura, o gosto de compartilhar os gestos.

De vez em quando visito o campo. Não estou à vista. Mas os espíritos me enxergam tateando a Lua.

Pensei hoje no pampa, minha primeira lição de infinito. Nele me perdi. O que sou e vivi foi apenas um sonho que tive naquele ermo, onde eternamente nasci.

Ela se foi porque não resisto ficar quieto. Volta, nenhuma palavra mais sai de mim, apenas a que te abraça.

Escondida na solidão, ela existe. Eu a visito, levantando a mão para que me veja de longe. Ela faz que não nota, mas sei que está sorrindo.

Sou teu amor, lonjura. Percorri o Tempo de pés descalços. E te encontro no regaço da aventura, o gosto de compartilhar os gestos.

Transformas teu sorriso em arte. Ao teu lado, sou o pintor imaginário da felicidade

Naufragamos mas conseguimos construir um barco, que batizamos no amanhecer da viagem de volta. Quando chegamos no outro lado do mar, as letras da palavra Amor estavam comidas no casco.

Fugiste mas não me conformo. És bela demais para ficar perdida do meu sonho. Volte ao porto, aproveita o vento.

Ficaste a tarde comigo, tecendo meus versos em teu vestido. Quanta beleza escorre da tua imagem imaginando ser minh

Quando enfim cruzamos o umbral, e o passado vira pó, sentimos a leveza que parecia ter sumido para sempre. Alçamos voo, andorinha!

Rodas no mundo sem pouso. Sou teu oculto aeroporto.

Empilho a doçura que verte do teu sonho. Não tenho mais onde colocar teu açúcar.

Bati na porta do Tempo. Não estavas. Fiquei esperando uma eternidade.


RETORNO – Imagem desta edição: Kayla Khan.