5 de junho de 2012

BRISA

Nei Duclós

Meu poema é tua fala, assim como teu amor é meu silêncio.

O tempo todo sou assim, de bandeira em punho. É o coração que tremula na tua brisa.

Esqueci. Lavrei o chão onde o erro tinha decidido. Agora sou a semente que me depositas.

Não vença porque assim não funciona. Submeta-se ao jugo do sentimento. Faça como ela, perca.

Tirei do poema toda a pompa para que me vejas em todas as personas. Sou o saltimbanco da estrada que se apaixona ao entrar na aldeia . Saúdo a mais bela com os mil chapéus do drama e da comédia.

Estive com medo esse tempo todo. Mas quando vejo teu rosto sereno, confiante no amor, âncora em mar revolto, me pergunto se um dia serei a coragem que te faz tão plena.

Não digo mais perdoa porque é inútil. Sempre caio na mesma armadilha. Vou mudar para que não seja mais preciso.

Às vezes esqueço que sou rude. É quando te amo, jóia da vida.

Não quis ser duro, minha doçura. Depois que digo, me derrubo. Suba comigo até a nuvem.

Não estou à altura da tua atenção neste reinício. Duvido da tua volta, só por vício. Mas sei que estás a mil, bala na agulha.

Ponho versos amargos num dia pelo avesso. Mas me recomponho conforme teu calor chega com tudo. Fogo brando do amor que me redime.

Estava contigo sob a Lua quando veio frio e chuva. Decidimos migrar o grude da varanda. Agora é menor o espaço que nos une. O passo, do piso foi para a cama.



RETORNO - Imagem desta edição: Tirone Power e Kim Novak em Melodia Imortal, do diretor George Sidney, 1957.