9 de julho de 2012

QUANDO


Nei Duclós

Quando você me escreve, eu me declaro.
Quando você me esquece, eu fico em claro.

Quando você me espera, eu me apresso.
Quando você desiste, eu volto à carga.

Quando você me beija, não acredito.
Quando você me deixa, eu acho um crime.

Quando você me espanta, eu me desmancho.
Quando você me chama, eu faço a cama.

Quando você me leva, componho um ritmo.
Quando você se entrega, eu te recito.

Quando você convoca, viro soldado.
Quando você dispensa, fico de guarda.

Quando você me pega, sou teu cativo.
Quando você me sonha, me sinto vivo.

Quando você me grita, finjo que escuto.
Quando você sussurra, morro de susto.

Quando você me aceita, eu volto à tona.
Quando você se manda, desobedeço.

Quando você me cansa, eu cobro alto.
Quando você me alegra, eu te devolvo.

Quando me tens no bolso, sempre me acabo.
Quando estou por perto, sou teu começo.


RETORNO - Imagem desta edição: Selma Hayek.