21 de outubro de 2012

BACIA DE CHEIRO



Nei Duclós
 

Voltaste para o nada, fogo de sardas.
Estuante rosto vermelho. Respiração
de atropelo. Murmúrio de queixas
sobre a violência do beijo. Trêmula

até não mais poder descer da cama.
Você voltou, cabelo de incêndio.
Alimentou a brasa por um instante
e sumiu de novo. Por isso tenho

a paisagem lunar no coração sem dono.
Parece um morango e na consistência
pêssego. O sumo é doce, como nas frutas

quentes. Mais não digo, para não  parecer
ingênuo. Forço a mão do soneto. Te quero,
perdição na bacia molhada por teu cheiro


RETORNO – Imagem desta edição: Juliane Moore.