4 de outubro de 2012

LAÇO DE FITA



Nei Duclós

Brota em teu rosto a beleza mais íntima, a que não depende de desenho. E abre-se como flor na tua boca de pêssego.

Melhor afastar-se desse laço de fita. Tem um nó cego embaixo do tope à vista.

Às vezes erro no verso, como tropeço no teu longo vestido. Mas me aprumo, valsa do verbo.

Vais continuar calada? Emigro para o lado sombrio da Lua.

Puxa, que coincidência. Eu também te amo.

Devaneio não é coisa de poeta, mas de político. O poema é real, a promessa, utópica.

Não custa nada um aceno. Vai que você faça o mesmo.

Dê as mãos para o impossível. Meu personagem favorito.

A qualquer hora me tens, peregrina. Onde estiver teu coração ferido, te acharei no meio da tempestade do deserto.

Faço parte do teu recorte. Todos os pontos cardeais da tua rosa dos ventos.

Fui dormir para sonhar contigo. Acordaste junto comigo.

Coleciono você enquanto prestas atenção na concorrência. Vou te mostrar meus videos sobre borboletas.

Estive longe, amor, agora estou próximo. Meu ascendente em teu horóscopo

Perco o tempo contigo quando me expulsas. Há outras versões do paraíso.

Não escondo nada, pois descobres. Por isso mostro para que escondas.

É profunda essa relação sem esperança. Faz de cada momento um adeus inviável.

Exagerei na dose. Na próxima vez vai piorar.

Não é qualquer poema que te encanta. Precisa de alguma coisa que arrebente.

Passe uma borracha no verso falso. Deixe apenas a marca do meu coração no teu caderno.

Adivinhas meus truques. Terás uma surpresa quando a lua quebrar na superfície do lago.

Agora que é noite não tem escapatória. Levante o capô para ver o rastro da via láctea feito pelo teu canto de sereia.

Na noite alta abriste a janela para as estrelas que vinham atrás do poema que eu guardava em serenata.

Agora que é noite não tem escapatória. Levante o capô para ver o rastro da via láctea feito pelo teu canto de sereia.


RETORNO – Imagem desta edição:  Eva Mendes .


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