14 de janeiro de 2013

CAMPO ABERTO

Nei Duclós



(Para Ubirajara Raffo Constant)


Te foste no ar escasso
poeta de largo fôlego
rédea curta do mormaço
te devolveu ao inverno

Sentes frio, arte longeva
amor que nunca nos falte
Fomos melhores contigo
teu laço agora se parte

Ave Maria te guarde
nas varandas do deserto
Pompa de bravo poeta
com cântaros no alforge

Levas junto a lembrança
da glória de uma cidade
obras que nos inventa
talento que faz História

Partir não estava nos planos
da nossa mesquinha idade
te queríamos para sempre
agora é outro contrato

Assinas com a eternidade
tropel de porta estandarte
cada dobra da palavra
cada pincel, cada forma

Passaremos, meu poeta
vento que somos, dispersos
mas tu ficas, pelo exemplo
que batiza o campo aberto