5 de setembro de 2013

LIVRE COMO UM TUIT



Nei Duclós

A idiotia é a humanidade do gênio.

Se para ser atingido o ideal exige que haja violência, então o ideal não presta. Ou a ação não está à altura do ideal.

Um espírito mau domina o sonho. Não o veste como pesadelo, mas como narrativa de uma outra vida onde lhe obedecemos. Sorte que acordamos.

Momentos tristes são os mais profundos e ficam enterrados. São esquecidos em forma de cicatrizes. Os alegres são a superfície da memória.

Tudo o que você sabe é a  borda provisória de um conhecimento oculto. Atire-se para ver a profundidade do abismo.

Humanidade é o que sobra da soberba, o que fica fora da festa, o lanche de rua na chuva, a liberdade sem chance, o sonho que não sente remorso.

A economia é uma ciência humana, como História, Sociologia. Mas é exercida como se fosse Matemática Superior.

Seduzir é tirar para dançar e ter o que conversar depois.

É difícil viver num mundo de grandes realizadores. Os previdentes inventores da pólvora.

Mantenha o perfil da segurança absoluta. Qualquer escassez será punida. Evite o desprezo disfarçado em gestos e palavras de boa vizinhança.

Não diga que desconhece. Os sabichões riem o riso abafado.

Tem palavras que são a própria doença, como lumbago. Outras que já sugerem diagnóstico, como próstata.

Consultoria dá um cagaço no empresário forçando-o a demitir e virar a própria mesa. Quando tudo fica virado, ela se retira cheia de grana

Roupa é civilização, identidade, respeito ao outro. Pelar-se em público é ser a favor de quem deixa a cidadania nua, de corpos disponíveis.

Pode até ser. Mas não é.

Meus olhos venceram de novo. São campeões. Meus óculos estão vencidos.

Os impunes punem quem exige punição

Se você destratar um funcionário público, pode ir em cana. Se for destratado por ele, faz parte.

A vantagem de engordar é que não passamos mais na catraca dos ônibus. Vamos a pé

Quando o pepino é grande e você não quer solucionar, anuncie uma força tarefa. Convide os amigos. Nas reuniões, riam muito. Cobrem caro.

Esqueci de te dizer porque as palavras sumiram de vez. Foram substituídas pelas promoções e vantagens dos anúncios.

A cidadania está desaparecida. Já encerraram as buscas.

Livro é fôlego, rede social é superfície

Livro é viagem do Nautilus, submerso sob as geleiras. Na rede social é nado de peito. Você mergulha e volta à tona a toda hora para respirar

Maternagem. Letramento. É a época das palavras artificiais, criadas a partir do abandono do sentido da linguagem, fruto da traição à verdade

Estaríamos agora ao vivo cobrindo o suposto incêndio num suposto carro que teria sido roubado por supostos assaltantes. Você estaria vendo


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Roberto Weigand.