3 de setembro de 2013

VOZES DO OCEANO



Nei Duclós

Enterramos palavras no túmulo do poema
onde ninguém acessa, funerais de letras
orações sopradas entre estandartes negros
almas penadas de sonhos em risco extremo

Batucamos a chuva nas lápides de madeira
lisas sem data de morte ou renascimento
o campo santo fica longe, além dos morros
pedras de caminho íngreme, luar sem dono

Como não levam flores elas nascem a esmo
alimentam-se do perfume que gera a pétala
vergam-se de saudade ou desconhecimento

A flor é a identidade do poeta anônimo
o que tudo entregou sem pedir arreglo
coração determinado, vozes do oceano