25 de dezembro de 2014

SEM REMÉDIO



Nei Duclós

Deus é espera. Ele nos aguarda, eterno,
enquanto por algum mistério nos dispersamos.

Somos o caderno onde o tempo prescreve
com a caneta de sangue e lápis de bronze

És o que sai do espelho e me contempla
próxima luz em forma de curva e costela

Eva, que está no último gesto do divino
o que apronta antes de perder o rumo

Fazemos arte no convívio ainda verde
inacabada escultura, teu rosto puro

Deus é entrega, a herança mais funda
o berço navega no Nilo que transborda

És a pintura que escolhe meu olhar xucro
tudo é palavra no mundo sem remédio


RETORNO -  Imagem desta edição: Moisés, obra de Rafael.

Nenhum comentário:

Postar um comentário