29 de março de 2015

TELHADO DE VIDRO



Nei Duclós

Agora que está frio e estou perdido
repetindo o verbo e sem ofício
incapaz de te buscar, mulher difícil
o tempo desistiu do compromisso

Nada fica, teu rosto sobre o linho
a mão que pinta a tela magnífica
a voz que no alto o poema dita
o corpo adaptado ao menor conflito

Os dias colhem teus olhos inúteis
perdidos de mim e do nosso risco
no limo sílabas que não combinam

Cultivo o coração, fonte de um milagre
teu beijo de chuva em telhado de vidro
quebras a tarde com a solidão em riste


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