17 de fevereiro de 2017

CRIAÇÃO




Nei Duclós


Criação não se oferece, solitária
exige quórum, imaginar o que logo
se desenha. Delta rumo ao estuário
revisão sob suor, multiplicada

É poder de zíper, que costura
elementos díspares num desfecho
salto no escuro, mas com azeite
que liga o candeeiro em plena bruma

Criação é fôlego antes do mistério
respiração na gruta submersa
verso ou estátua, prédio ou fazenda
régua a medir fora do método

Lápis ou cinze, a ferramenta
não define o perfil bruto da memória
o que vale é o olhar oculto no trabalho
o fogo que escapa de uma forja

Fica devendo, mesmo que inaugure
a obra enfim desmesurada, essa amargura
de não ter feito o que a mente recupera
como um Deus na sombra, a cultivar o sono

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