20 de setembro de 2017

O RAPTO DAS SABINAS



Nei Duclós

Tem quase 3 mil anos o hábito (hoje meio em desuso, imagino) de carregar a noiva quando os recém casados cruzam a porta da casa onde vão morar. Veio da Roma antiga, dos anos 700 antes de Cristo mais ou menos. Rômulo, o fundador, atraiu gente de todos os lugares para povoar a nova cidade. Como tinha uma homarada infinita, era preciso arranjar mulheres para que se formassem as famílias, já que a maioria era de proscritos e havia anistia para todo tipo de fugitivo e criminoso. Foi então que ele desencadeou o rapto das sabinas.

Os sabinos eram um povo poderoso e rico da vizinhança e foram atraídos a Roma por um grande evento esportivo de corrida de bigas e que se revelou uma armadilha. As mulheres foram raptadas e levadas á força para dentro das casas dos raptores. Plutarco fala em apenas 30, mas cita autores que falam em mais de 500 mulheres. Os sabinos tentaram dar o troco mas foram derrotados militarmente e acabaram fazendo acordo com o todo poderoso dono de Roma..

Mais tarde, os sabinos lançaram-se em nova investida, tendo conseguido penetrar no Capitólio e houve grande mortandade, que acabou graças à interferência das mulheres que tinham sido raptadas. Elas imploraram pela paz, pois reclamavam que foram abandonadas pelos pais, irmãos e maridos na época do rapto e agora que elas eram casadas com romanos e tinham filhos com eles e eram bem tratadas não podiam suportar a carnificina.

Os guerreiros então depuseram as armas e entraram em acordo. Rômulo dividiu o poder com Tácio, rei dos sabinos. Ambos governavam á parte mas mantinham reuniões para decidir o desfecho de cada decisão importante. As mulheres, por terem sido responsáveis pela paz, foram honradas e ganharam vários privilégios, como não serem julgadas nem por homicídio e serem tratadas com respeito por todos.

Foi assim que um gesto inicial em que o noivo levava á força a noiva para dentro de casa, carregando-a no colo, acabou sendo um hábito de mútuo consentimento graças à paz que se estabeleceu na cidade eterna..


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