3 de novembro de 2017

BABILÔNIA



Nei Duclós

Estive nos eventos de talentos dispersos
entre livros, estandes e palestras
Apertei a mão do provisório tempo

Tudo agora é prato feito de lembranças
Ficamos sós exercendo a nossa arte
que tem em Deus a única presença

Areia é a metáfora perfeita
para o que somos, tortos anjos
a soprar o recado da Fortuna
em charadas de rude pitonisa

Fico onde produzo
o que chamam de cultura
Ninguém me diz o sentido dessa rota
eco perdido de alguma voz humana

Moro nas ruas da antiga Babilônia
Cinzelo no barro o testemunho
que os museus guardarão um dia
no fundo de um acervo não escrito


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