20 de novembro de 2017

PAPEL DE EMBRULHO



Nei Duclós

O convívio te desloca
para onde perdes a noção
Quem sou eu depois de tanta estrada?
O bom é que o perfil sem forma
se adapta a qualquer parada

Cruzas invisível a guerra entre irmãos
Não lembram de ti
alma de outras terras
Anônimo coração em postas
nos corredores de sombra

Sobes numa caixa para ver melhor
a multidão em busca de um rosto
Entras no galpão para tomar café
e te confundem com o entregador de pão
Quero dois, dizem, precisamos comer
para seguir viagem

Com um lápis e papel de embrulho
escreves uma canção
Façam barulho, dizes, criem coragem
Gritem do trem em movimento
Voltamos ao front
da nação sem identidade


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